IPCA volta a subir e fica em 0,12% em julho, puxado pelos combustíveis

No acumulado em 12 meses, indicador oficial de inflação no País subiu para 3,99% ; segundo o IBGE, sem a alta da gasolina, resultado teria sido deflação de 0,11%

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Foto do author Marianna Gualter
Atualização:

Após a deflação registrada em junho, o IPCA voltou a subir no mês passado. O índice oficial de inflação do País ficou em 0,12% em julho, um pouco acima do esperado pelo mercado (0,06%, segundo dados do Projeções Broadcast). Com esse resultado, a inflação em 12 meses voltou a subir, e ficou em 3,99% - estava em 3,16% no período de um ano encerrado em junho.

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O resultado, segundo o IBGE, foi puxado pelo aumento dos combustíveis, principalmente a gasolina, que subiu 4,75% no mês. Segundo o analista André Guedes, gerente do IPCA no IBGE, caso a gasolina fosse excluída do cálculo, o resultado do IPCA seria de deflação de 0,11%.

Guedes associou o aumento da gasolina à reoneração de impostos federais. “A partir de 1º de julho, voltou a cobrança da alíquota cheia de PIS/Cofins sobre a gasolina, o que contribuiu para essa alta”, afirmou.

A gasolina teve alta de 4,75% em julho, segundo o IBGE Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Na direção contrária, o que mais puxou o IPCA para baixo foi a energia elétrica residencial, que recuou 3,89% em julho. De acordo com Guedes, o recuo de energia ocorreu em 15 das 16 regiões analisadas pelo IBGE.

Para os analistas, apesar de o índice ter vindo um pouco acima do que o mercado esperava, há um dado bastante positivo nos números: a desaceleração da inflação dos serviços, que vinha se mostrando bastante resiliente nos últimos meses.

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Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, houve uma “inequívoca melhora” nas métricas de serviços e de núcleos (cálculos que desconsideram choques temporários nos preços) no IPCA, o que “possivelmente aumentará” as apostas para um corte de 0,75 ponto porcentual na Selic já em setembro.

Maluf ressalta, porém, que os dados de inflação seguem consistentes com cortes de 0,50 ponto na Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com o juro encerrando o ano em 11,75%.

Difusão menor

Daniel Karp, economista do Santander, avaliou que, apesar de a inflação ter subido em relação a junho, a leitura do índice é favorável em termos qualitativos.

“As surpresas de alta foram menos relevantes para sinalizar a inflação futura, enquanto a surpresa de baixa concentrou-se nos serviços, grupo mais inercial e relacionado aos núcleos, sendo mais relevante para sinalizar a trajetória da inflação futura”, disse Karp.

Além disso, segundo ele, também houve queda na difusão (o número de itens pesquisados com aumento de preços) do IPCA, “indicando que a inflação está bem menos espalhada agora”. O índice de difusão caiu de 50% em junho para 46% em julho.

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Para David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), o dado da inflação de julho corrobora a expectativa de mais um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic, a taxa básica de juros, no mês que vem.

Beker destaca que, ao contrário do índice cheio, o núcleo da inflação em 12 meses continuou a perder força, passando de 5,99% em junho para 5,60% em julho, o que corresponde a uma dinâmica benigna para os preços. “Portanto, mantemos nossa previsão de corte de 0,50 ponto porcentual para a reunião do Copom em setembro”, acrescentou.

Ele ressalta, porém, que nas próximas leituras a alta do IPCA em 12 meses deve ganhar força, dado que os benefícios fiscais sobre combustíveis começarão a perder impacto sobre a variação do índice.

“Achamos que o IPCA atingirá 4,8% no final do ano e 3,7% no encerramento de 2024″, disse Beker. “Vemos a Selic em 11,75% ao fim de 2023 e em 9,5% ao fim de 2024.”

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