Secretária da Controladoria-Geral da União (CGU), Izabela Correa é o nome mais forte para ocupar a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central a partir do ano que vem, de acordo com fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast — hoje a diretoria é chefiada por Carolina de Assis Barros. Izabela Correa é analista do BC há 15 anos e está cedida para a CGU, onde trabalha como secretária de Integridade Pública desde fevereiro do ano passado. Na autoridade monetária, chegou a ser chefe da Divisão de Relações Interinstitucionais por um ano, o que a colocaria como apta à diretoria.
O nome de Izabela não teria entrado na lista dos profissionais avaliados inicialmente, mas tem ganhado mais força nas bolsas de apostas porque teria tido uma boa avaliação quando surgiu. Ao que tudo indica, o próximo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, teria gostado da alternativa, mas é preciso submeter os candidatos ao crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é quem faz a indicação formal ao Senado.
Conforme relatos, a outra diretoria institucional que passará por transição, a de Regulação, hoje ocupada por Otavio Damaso, também já estaria definida. Começou na administração de Henrique Meirelles no BC a tradição de ocupar postos da cúpula ligados à administração com servidores — culminando na presidência de Alexandre Tombini, durante o governo Dilma Rousseff. A avaliação é a de que esses postos teriam menos resistências por parte do presidente Lula por se tratar de funcionários públicos.
Galípolo levará sua lista para apreciação de Lula provavelmente quando voltar de Washington. É justamente o nome de seu sucessor — a Diretoria de Política Monetária ficará aberta quando assumir o comando do Banco, em janeiro de 2025 — que deve passar por um escrutínio maior do presidente. Este posto tende a ser ocupado por alguém mais próximo do mercado financeiro.
Circula para a Diretoria de Regulação o nome de Gilneu Vivan, que é o número 2 da área. Fala-se também de candidatas como a chefe da Unidade de Sustentabilidade e Investidores de Portfólio Internacional, Isabela Damaso, que é irmã do atual diretor Damaso, para um dos cargos, assim como o de Juliana Mozachi-Sandri, chefe do Departamento de Supervisão de Conduta do BC.
O fato de três dos quatro nomes tidos como os mais relevantes serem mulheres não é por acaso. Sabe-se que o governo tem defendido uma maior atuação das mulheres, mas não incorporado a recomendação aos seus quadros públicos. Tanto Galípolo quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já disseram que o tema é caro à equipe econômica.
Outro ponto a se considerar nessas escolhas tem a ver com o registro feito pelo Estadão/Broadcast no início deste ano, com o BC tendendo a ter uma diretoria mais estratégica e menos “mão na massa”, como se via até então. A autonomia operacional do BC, conquistada em 2020, colaborou para esse novo perfil, que leva em conta a avaliação de que a parte operacional das tarefas da instituição tende a ficar mais com os chefes de Departamento, enquanto os membros do comitê trabalhariam de forma mais estratégica e colegiada.
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De qualquer forma, a expectativa é a de que os trâmites ocorram logo para evitar qualquer problema no andamento das escolhas e sabatinas pelo Senado que acabem por deixar alguma vaga aberta por mais tempo do que o desejado. A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em 2025 com os quatro novos indicados — Galípolo permanece no grupo, mas muda de posto — está marcada para 28 e 29 de janeiro. Será a primeira vez que Lula terá maioria no colegiado, dois anos após sua posse.
O ideal, na avaliação de profissionais do BC, é que os nomes sejam indicados logo por Lula, após o segundo turno das eleições municipais, para que as sabatinas possam ocorrer de meados até o fim de novembro. Como já se sabe, em dezembro, o Congresso costuma se concentrar nas discussões sobre o Orçamento do ano seguinte e inicia seu recesso.
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