Javier Milei: ‘Mercosul acabou se transformando em uma prisão para os seus membros’

Presidente argentino disse que bloco precisa de uma nova fórmula, que permita as negociações separadas de acordos comerciais pelos países membros

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Por AFP

Montevidéu - O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta sexta-feira, 6, que o Mercosul, o bloco comercial que seu país fundou há mais de três décadas com Brasil, Paraguai e Uruguai, “acabou se tornando uma prisão” para seus membros, e pediu uma “nova fórmula” para o bloco.

Na 65.ª cúpula do Mercosul em Montevidéu, a primeira da qual participa desde que assumiu o cargo há um ano, após sua ausência na reunião anterior em Assunção, Milei criticou a Tarifa Externa Comum (TEC) estabelecida pelo bloco, que, segundo ele, encareceu a produção local e “fechou inúmeras rotas comerciais”.

Javier Milei na Cúpula do Mercosul, em Montevidéu Foto: Eitan Abramovich/AFP

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O líder argentino, um economista ultraliberal, enfatizou que, de meados da década de 1990 até hoje, a participação do Mercosul no comércio mundial caiu de 1,8% para 1,6%. “Nós nos trancamos em nosso próprio aquário, levando mais de 20 anos para chegar ao acordo que estamos celebrando hoje, que ainda está longe de ser uma realidade”, apontou, em alusão à finalização das negociações para um tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

“O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar nossos laços comerciais, acabou se tornando uma prisão que não permite que seus países membros aproveitem suas vantagens comparativas ou seu potencial de exportação”, disse Milei. “Esse não é um problema novo, mas se continuarmos tentando tapar o sol com as mãos, será cada vez mais difícil resolvê-lo”, advertiu.

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Segundo ele, o Mercosul “não pode continuar sendo uma armadilha”. Por essa razão, ele pediu aos parceiros que busquem “uma nova fórmula”, com maior flexibilidade, para o benefício de todos. O Mercosul não permite que seus membros negociem acordos comerciais com terceiros sem o consentimento dos demais parceiros. “Vamos ganhar autonomia, respeitando os acordos que nos unem, e se o que nos une é comercializar livremente entre nós, proponho que afrouxemos os laços que hoje nos sufocam em vez de nos fortalecer”, disse. “Espero que, sem as vendas ideológicas, tenhamos a honestidade intelectual para podermos nos fazer as perguntas difíceis e a coragem para tomar as decisões necessárias.”

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