O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu na terça-feira, 30, que a concessão de uma linha de crédito para a Argentina pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), mais conhecido como Banco dos Brics, que ele estava tentando viabilizar, deu ruim.
Como o Estadão antecipou na semana passada, houve resistência de países associados à instituição para a liberação do “papagaio” prometido por Lula ao presidente da Argentina, Alberto Fernández. Ao contrário do que Lula imaginava, faltou apoio para promover a mudança no estatuto do banco que era necessária para concretizar a operação, uma vez que o NDB foi criado com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura exclusivamente para seus membros e não para conceder empréstimos de liquidez a terceiros.
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Também não houve apoio à proposta de concessão de garantias para financiar as exportações brasileiras para a Argentina, que era outra opção defendida por Lula, para aliviar a crise vivida pelo país vizinho, agravada pelo baixo nível de reservas cambiais, hoje calculadas em cerca de US$ 2 bilhões.
“Deselegância”
Segundo a agência espanhola Efe, Lula confirmou numa roda de jornalistas após o fechamento do encontro de presidentes da América do Sul, em Brasília, que “não foi possível” realizar o negócio, em razão da “dificuldade” existente para mudar o estatuto do banco, hoje dirigido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou de forma virtual da reunião anual de governadores do NDB, realizada em Xangai, já havia dito que “não houve tempo” para o grupo analisar o empréstimo para a Argentina, de acordo informações publicadas pelo jornal Clarín, que classificou o resultado do encontro como “mais uma deselegância do Brasil” ao país.
Fundado em 2015 pelos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o NDB hoje reúne também Egito, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Uruguai, admitidos como associados nos últimos anos.
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