PEC da Transição pode exigir novos aumentos da taxa de juros

Primeiros sinais do próximo governo são desanimadores

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colunista convidado
Foto do author José Márcio de Camargo

Os dados da economia brasileira mostram um cenário positivo em 2022. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,6% no terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021 e atingiu o nível mais alto da série histórica.

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A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 2,8% no trimestre, o que levou a taxa de investimento a 19,6% do PIB, a maior desde 2014.

Foram gerados 2,2 milhões de empregos formais até outubro, e a taxa de desemprego atingiu 8,3% da força de trabalho, queda de 6,6 pontos de porcentagem em relação ao máximo, no primeiro trimestre de 2021 (14,9%). O número de ocupados atingiu o recorde, 99,7 milhões de trabalhadores, a renda média real aumentou 4,7% e a massa salarial, 11,5% no terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo trimestre de 2021.

 Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Este desempenho é sustentado por três pilares. Primeiro, a forte retomada do setor de serviços com o fim dos lockdowns e das restrições à mobilidade urbana.

Segundo, a política fiscal relativamente conservadora, geração de superávits primários e queda da dívida pública como proporção do PIB, de 89% em 2020 para 75% em 2022, apesar do desrespeito ao teto dos gastos por causa da pandemia em 2020 e 2021 e das eleições em 2022, que aumentou o risco fiscal, desvalorizou o cambio, pressionou a inflação e aumentou a taxa de juros, que reduziu o crescimento do PIB.

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Terceiro, o conjunto de reformas implementado nos últimos seis anos, que gerou melhora do mercado de trabalho; redução do custo de contratação e de formalização; melhora do mercado de crédito e de capitais; fim do crédito subsidiado dos bancos públicos; o Pix; autonomia do Banco Central do Brasil; a reforma da Previdência; privatizações; marcos regulatórios importantes, entre muitos outros avanços. O resultado foi a redução da taxa de desemprego e o aumento da formalização e da taxa de investimento.

Os primeiros sinais do próximo governo são desanimadores. A proposta de retirar R$ 198 bilhões do teto de gasto, 2% do PIB, vai aumentar o déficit primário, a dívida e o risco fiscal, pressionar o câmbio e a taxa de inflação, podendo exigir novos aumentos da taxa de juros.

Declarações de membros da equipe de transição quanto às mudanças nas reformas trabalhista, do mercado de crédito e de capitais, do marco regulatório do saneamento, entre outras, são extremamente negativas e, se implementadas, vão levar a uma diminuição da taxa de investimento e do crescimento da economia e a um aumento da taxa de desemprego. É fim de festa!

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