Após a divulgação das pesquisas Genial/Quaest e Datafolha mostrando queda generalizada na aprovação e aumento da reprovação do governo, o instituto Paraná Pesquisas divulgou análise que mostra que, se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro venceria o atual presidente, Lula da Silva, por 45,1% a 40,2% dos votos.
Como o ex-presidente está inelegível, o instituto testou outros nomes. Entre os possíveis candidatos testados, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aparece à frente numericamente do atual presidente, mas tecnicamente empatada, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aparece empatado tecnicamente com o presidente, mas numericamente atrás.
O governador Tarcísio de Freitas declarou que não será candidato à Presidência em 2026 e que seu candidato é o ex-presidente Bolsonaro. Entretanto, caso Bolsonaro continue inelegível, o governador estaria entre os favoritos a serem indicados para representá-lo.
A quase dois anos das eleições, muita coisa pode mudar no cenário político. Em especial, qual será a reação do governo a essa perda de popularidade, e como essa reação vai afetar o comportamento dos investidores?

A expectativa entre os analistas é de que o governo dobre a aposta, com aumento dos gastos sociais e a utilização de gastos fora do Orçamento (parafiscais), para recuperar a popularidade. Programas como o Pé-de-Meia, Auxílio Gás para os inscritos no Cadastro Único, o aumento do valor do Bolsa Família, crédito consignado para os trabalhadores do setor privado e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês são algumas das possibilidades aparentemente em discussão.
Aumentar a pressão sobre o Banco Central para iniciar o processo de redução da taxa de juros mais cedo e torná-lo mais rápido do que o necessário para atingir a meta para a inflação tem sido mencionado nos bastidores. O objetivo seria estancar o início do processo de desaceleração da economia e evitar um aumento da taxa de desemprego. As declarações do ministro Fernando Haddad de que uma inflação de 5% a 6% é a normalidade no Brasil sinalizam para essa direção.
Como os investidores irão reagir quando essas medidas começarem a afetar as metas de superávit primário, e, em especial, a relação dívida/PIB e a taxa de inflação?
Os eventos do final de 2024 mostraram que os nervos dos investidores estão “à flor da pele”, e qualquer movimento mais ousado por parte do governo pode gerar nova perda de controle sobre os preços dos ativos financeiros e a taxa de inflação, o que certamente seria um tiro no pé.