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Professor da FEA-USP e membro da Academia Paulista de Letras, José Pastore escreve mensalmente

Opinião|Avaliar impacto das obras sociais conta mais do que inaugurá-las

Governantes têm atração irresistível para cortar fita de inauguração, mas poucos se dedicam a documentar resultado de um projeto social

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Foto do author José Pastore

Os nossos governantes têm uma atração irresistível para cortar a fita de inauguração das obras sociais. Poucos se dedicam a documentar objetivamente o seu resultado. Por isso, li com enorme alegria a avaliação rigorosa de um projeto social da iniciativa privada que vem retirando crianças e jovens de situações de alto risco. Explico.

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Com base em uma metodologia robusta, criada pelo Insper, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) examinou o impacto do Instituto Baccarelli que, desde 1996, atua na área da educação musical na Favela de Heliópolis, onde vivem 250 mil pessoas. Pasmem. Para cada R$ 1 investido, o Instituto Baccarelli gerou R$ 3,5 (!) em termos de educação e qualidade de vida para os seus 1.300 alunos, suas famílias e comunidade em geral.

Além desta impactante taxa de retorno, o estudo ressaltou avanços comprovadamente salutares no desenvolvimento socioemocional dos alunos, assim como na sua criatividade, disciplina, autoestima, respeito ao próximo e outras qualidades que são essenciais para o trabalho nos dias atuais em qualquer setor ou profissão.

No topo das atividades do Instituto Baccarelli está a Orquestra Sinfônica Heliópolis, que tem os maestros Zubin Mehta como patrono e Isaac Karabtchevsky como diretor musical. Este grupo tem apresentado regularmente a sua alta qualidade artística nos melhores palcos do Brasil e do mundo. Para tanto, os jovens passam por vários anos de ensino musical e atividades sociais, o que os torna aptos para trabalhar com êxito em várias profissões, além de executantes, por se valerem da disciplina que adquirem ao aprender música.

A Orquestra Sinfônica Heliópolis é um dos projetos do Instituto Baccarelli Foto: Hélvio Romero / Estadão

Está aí um caso de sucesso da iniciativa privada. Tudo começou em 1996 com a imensa dedicação do seu criador, o saudoso maestro Sílvio Baccarelli. A obra foi expandida com a ajuda do empresário Antônio Ermírio de Moraes, até 2014, quando faleceu, e continua crescendo sob a batuta do maestro Edilson Ventureli que, junto de dedicados professores, vem atendendo os alunos com o amor que dedicam aos seus próprios filhos. Isso faz toda a diferença e prova que a educação salva.

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Que bom seria se nossas autoridades dedicassem uma fração do tempo das inaugurações para avaliar, corrigir erros e buscar acertos nas centenas de obras que consomem os preciosos recursos dos contribuintes.

Opinião por José Pastore

Professor da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP. É membro da Academia Paulista de Letras

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