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Economista e sócio da MB Associados

Opinião | A inflação ainda vai incomodar

Pressão deve continuar em alimentos e serviços, além da volta dos impostos sobre a gasolina

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Foto do author José Roberto Mendonça de Barros

Os resultados do IPCA de novembro mostram uma situação enganosa. A inflação cheia, em 12 meses, foi de 5,9%, bem menor do que os 10% de 2021.

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Entretanto, isso se deve quase exclusivamente à redução temporária de tributos na energia elétrica e na gasolina, que mostraram quedas de 19% e 25%, respectivamente. Todos os outros grupos de produtos subiram.

Com isso, o núcleo da inflação em novembro foi de 9,7% em bases anuais, quase dois dígitos! Essa é a inflação que recai sobre uma família que não tenha carro e pague tarifa social de luz. Olhando adiante, a situação talvez seja mais difícil por três razões.

Em primeiro lugar, o custo da comida recrudesceu em virtude da primavera chuvosa, efeito do La Niña. Frutas, tubérculos, legumes e folhosas tiveram parte da produção destruída. Em consequência, MB/MB Agro projetam agora uma elevação acima de 13% na alimentação no domicílio, maior do que os 10% anteriores. Ainda que sazonal, essa pressão se projeta para 2023. Clima ruim na Argentina e nos EUA mantém preços internacionais de grãos elevados.

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Inflação da alimentação no domicílio deve subir mais de 13% Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em segundo lugar, o setor de serviços segue com demanda forte, especialmente aqueles ligados à cadeia da hospitalidade. Com isso, seus preços ainda crescem próximos a 8%, sem trajetória significativa de queda.

Finalmente, com a decisão do STF de retirar da gasolina a condição de bem essencial, é seguro que o ICMS voltará a ser elevado, dos atuais 17-18% para os 25-35% anteriormente cobrados. E ainda teremos a volta do PIS/Cofins, que já está nas contas do próximo ano.

O resultado é que esperamos que as projeções de inflação sejam revisadas para cima, no intervalo entre 5,5% e 6% em 2023.

Desaceleração do PIB e alguma pressão na inflação: esse é o pano de fundo que espera o novo governo. E é sobre ele que a nova equipe e sua política atuarão.

Gostaria ainda de chamar a atenção para os seguintes pontos.

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A montagem do novo governo não sinaliza uma frente de centro-esquerda. Ao contrário, se parece mais com antigos experimentos do passado.

Consistente com isso, os valores autorizados na PEC da Transição e a equipe de economia sugerem uma política fiscal expansionista e uma visão bem antiga do papel do Estado no comando do crescimento econômico e nos marcos de uma economia fechada, ainda que com alguma preocupação com a produtividade.

Muito pouco frente às nossas necessidades e às oportunidades disponíveis.

Opinião por José Roberto Mendonça de Barros

Economista e sócio da MB Associados

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