A safra 2024/25 será grande, da ordem de 330 milhões de toneladas de grãos, e o agronegócio contribuirá positivamente para o bom crescimento esperado do PIB no primeiro trimestre. Com isso, a inflação de alimentos vai aliviar um pouco, ficando na ordem de 6%.
Os custos de sua implantação foram razoáveis, permitindo esperar margens de normais a muito boas, dado que existem produtos com evidente escassez global e altos preços, como o café, a laranja, o cacau e certas carnes.
O ano que passou deixou uma dura lição para certos agentes. A quebra de safra e o aperto da política monetária colocaram em risco os produtores/operadores muito alavancados, relembrando o tamanho dos riscos financeiros em países instáveis e com juros reais positivos, como é o nosso caso.
Existe um consenso, do qual partilhamos, de que o crescimento global vai desacelerar, especialmente por conta da equivocada política econômica do novo governo americano, que discutimos em nosso último artigo.

Hoje, isso é universalmente aceito, dos investidores de Bolsas ao Federal Reserve, passando pela imprensa, por analistas e pela maior parte das empresas do setor produtivo. Com isso, os preços agrícolas e de petróleo devem se manter contidos, com as exceções já mencionadas.
Entretanto, a pergunta que se coloca é: haverá chance de que, mais uma vez, retaliações na guerra comercial se traduzam em demanda adicional para o Brasil? Creio que a resposta é positiva, pois outras regiões, além da China, colocarão barreiras a produtos americanos.
Nosso País vem elevando sua participação nos mercados globais tradicionais, como açúcar, café, laranja, algodão e carnes, quer por conta de problemas em alguns produtores, quer pelo fato de que o Brasil, segundo os cálculos da OECD, continua sendo o produtor mais competitivo e que pouco depende de subsídios para produzir e exportar. A isso se somam a abertura de novos mercados e o crescimento de outros produtos, aqui considerando também o mercado local: pescados, amendoim, frutas, mel, azeites, vinhos.
E somos um produtor confiável. O melhor exemplo recente foi visto a partir de 2022, quando a gripe aviária se espalhou pela Ásia, pela Europa e pela América do Norte: o Brasil é o único grande produtor sem ter tido qualquer caso da doença em aviários comerciais, a despeito do intenso tráfego de aves migratórias portadoras da doença.
O maior risco que temos reside na questão ambiental, pelas consequências do aquecimento, da redução da floresta e das alterações no regime das águas.
É preciso aprofundar essa percepção.