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Economista e sócio da MB Associados

Opinião | Vai sobrar petróleo: capacidade de produção deve ultrapassar demanda projetada a partir de 2025

Forte demanda de biocombustíveis e baixos preços futuros de petróleo colocam em dúvida os propostos investimentos pesados da Petrobras na Foz do Amazonas

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Foto do author José Roberto Mendonça de Barros

Recentemente, a Agência Internacional de Energia divulgou o relatório Oil 2024 - Analysis and Forecast to 2030. O resultado mais importante, e talvez surpreendente para alguns, é que o crescimento da capacidade de produção de petróleo, que será liderada por produtores fora da Opep+, deve ultrapassar a demanda projetada a partir do ano que vem, atingindo em 2030 um espantoso excesso de 8 milhões de barris por dia!

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Espera-se naquela data que o consumo global seja de 105,4 milhões de barris/dia, enquanto a capacidade de produção deverá atingir 113,8 milhões, um crescimento de 6 milhões de barris/dia no período.

Esse aumento da oferta será liderado por países que não pertencem ao cartel, especialmente Estados Unidos, Brasil, Guiana, Canadá e Argentina.

A AIE aponta uma forte mudança no aumento de capacidade em direção ao gás natural, que deve responder por 2,7 milhões de barris/dia de elevação ante 2,6 milhões de petróleo. Uma novidade, os biocombustíveis devem contribuir com 0,62 milhão de barris/dia de capacidade.

Do lado da demanda, deve ser registrado um elevado nível de investimento em melhorias tecnológicas, expressas pelo desenvolvimento de carros híbridos e elétricos, pelo início do processo de descarbonização de indústrias velhas, como metais e cimento, e pelo desenvolvimento comercial de novos combustíveis sustentáveis, inclusive aqueles dirigidos ao transporte aéreo e marítimo.

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Excesso de capacidade de produção de petróleo significa uma pressão baixista quase inexorável sobre os preços Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A demanda de petróleo deve crescer apenas 3,2 milhões de barris/dia entre 2023 e 2030, sendo o remanescente coberto, especialmente, por produtos derivados do gás natural e de biocombustíveis.

Não sem surpresa, o crescimento do mercado estará todo concentrado na Ásia, em especial na China e na Índia, enquanto o consumo de petróleo se reduzirá nas economias avançadas de forma cada vez mais rápida.

O relatório mostra que as oportunidades para o Brasil na área de biocombustíveis continuam enormes, especialmente porque o substituto do querosene de aviação tem uma demanda urgente.

Por outro lado, o excesso de capacidade de produção de petróleo sendo construído pelos elevados investimentos recentes (US$ 538 bilhões apenas em 2023) significa uma pressão baixista quase inexorável sobre os preços.

Lidas em conjunto, forte demanda de biocombustíveis e baixos preços futuros de petróleo colocam em dúvida os propostos investimentos pesados na Foz do Amazonas, que parte do governo e a Petrobras estão decididos a fazer.

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As declarações do ministro da área de que queremos ser “os últimos produtores de petróleo” não parecem fazer sentido. Aliás, como muitas coincidências no mundo da energia.

Opinião por José Roberto Mendonça de Barros

Economista e sócio da MB Associados

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