Mercado de trabalho permanece travado

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Por José Paulo Kupfer

O mercado de trabalho continua acompanhando a evolução da economia. Esta permanece em estado de crescimento positivo, mas muito lento, uma situação que poderia ser classificada como de quase recessão. Aquele apresenta recuos consecutivos, mas inexpressivos, nas taxas de desemprego, com absorção de mão de obra praticamente integral pelo segmento informal do mercado.

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De 11,7% da força de trabalho, no trimestre compreendido entre agosto e outubro, a taxa de desocupação da mão de obra recuou para 11,6%, nos três  últimos meses até novembro. Na série com ajuste sazonal, a taxa do trimestre encerrado em novembro, comparada com o trimestre anterior, permaneceu estável em 12,1%. O total de desempregados soma, no período, 12,2 milhões de pessoas.

Um ano depois da introdução de uma ampla reforma nas leis trabalhistas,  que visou flexibilizar as relações entre contratantes e contratados e reduzir os custos das empresas em manter mão de obra, o retrato do mercado de trabalho ainda mostra uma situação bastante precária. Embora o total de pessoal ocupado tenha alcançado o recorde de 93,2 milhões, aumentou a parcela de trabalhadores informais e por conta própria.

A dificuldade das empresas em oferecer tanto postos de trabalho com carteira assinada quanto jornadas de trabalho plenas acaba se refletindo na manutenção de um quadro de alta subutilização da mão de obra, prazos elevados de recolocação e desalento na busca de ocupação. Com ligeiros cortes ou estabilidade, o contingente de subutilizados continua em 27 milhões de pessoas, enquanto o conjunto de desalentados -- aqueles que deixaram de procurar ocupação -- manteve-se estável, com 4,7 milhões de pessoas nesta situação.

Refletindo a fragilidade dominante no mercado de trabalho, tanto o rendimento médio real habitual quanto a massa de rendimento médio real habitual permaneceram estáveis na comparação entre o trimestre encerrado em novembro e o anterior, entre junho e agosto. A precariedade do mercado de trabalho compõe um quadro de restrições de demanda que ajuda a explicar a persistente acomodação dos índices de inflação e, consequentemente, da taxa básica de juros.

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