BRASÍLIA - O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou nesta terça-feira, 18, que o nível de juros elevado no País inibe a captação de poupança e a própria concessão de crédito no País.
“É evidente que o nível de juros, da taxa de juros básica no Brasil, é restritivo e elevado e inibe não só a captação da caderneta de poupança como a própria concessão de crédito em diferentes modalidade, e dificulta o mercado de crédito imobiliário”, afirmou durante o evento CNN Talks, que discute o crédito para o Brasil.
O secretário comentou que o funding (captação de recursos para investimentos) da poupança para a habitação é inferior à Selic, e que, por isso, seria importante uma redução da taxa básica, para que diminuir a diferença entre a Selic e poupança.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, irá decidir sobre a taxa básica de juros nesta quarta-feira, 19, em meio à escalada das críticas do presidente Luiz Inácio da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. A aposta majoritária do mercado é que o órgão deverá manter a Selic em 10,50% ao ano, depois de sete quedas consecutivas.
No evento, Mello defendeu a medida provisória do Programa Acredita, que traz ações de microcrédito para pessoas vulneráveis, ações voltadas para Microempreendedores Individuais (MEIs), Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, a criação de um mercado secundário de crédito imobiliário e um mecanismo de hedge cambial (proteção contra variações cambiais), o Eco Invest Brasil.
Ele mencionou que independentemente da validação da MP ou de um projeto de lei, é importante que a votação ocorra no período de vigência do texto, para que não haja prejuízos ou paralisação das atividades de quem já se beneficiou das medidas. Um exemplo é o Desenrola para pequenos negócios.
Ele também disse que é preciso construir a governança do processo de securitização do crédito imobiliário, já que a proposta do governo permitiu que a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) atue tanto como securitizadora como investidora no mercado imobiliário.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.