‘O grande problema são os juros altos, que machucam os resultados’, diz Setubal, da Itaúsa

Segundo executivo, ambiente de juros elevados traz dificuldades para empresas mais endividadas e há pouca perspectiva no País de encontrar ‘um negócio que justifique o risco do investimento’

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Foto do author Altamiro Silva Junior

O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, avalia que os cenários interno e externo estão bem mais desafiadores, tanto no campo da economia quanto da geopolítica. O primeiro semestre foi marcado por muitas “flutuações” das expectativas. “O grande problema que vemos são as taxas de juros, que continuam altas”, disse em teleconferência de resultados.

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“Esse juro de 10,5% machuca os resultados e a estratégia de fluxo da companhia”, disse. No mercado interno, ele ressaltou que o Brasil tem déficit fiscal grande e crescente, o que obriga a manutenção dos juros em níveis elevados. “Esse cenário que a gente imagina que prevalecerá na segunda metade de 2024.”

O ambiente de juros elevados traz dificuldades para as empresas mais endividadas, como as do setor de infraestrutura, Aegea e CCR, que precisam tomar dívida para fazer frente a investimentos exigidos nas concessões que venceram, afirmou Setubal.

Para Alfredo Setubal, País deve ter um crescimento relativamente pequeno considerando seu potencial Foto: Felipe Rau/Estadão

O cenário econômico descrito por ele é de baixo crescimento, juro alto e inflação controlada. “É um ambiente macro mais desafiador”, disse o executivo. O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,5% este ano, e a taxa básica de juros ficar em 10,5%. A inflação deve ser de 4,2% neste ano.

“É um crescimento relativamente pequeno levando em conta o potencial do Brasil e todas as diferenças e desigualdades sociais”, disse.

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Investimentos

Setubal disse que o grupo está em um processo de reduzir o endividamento, em meio à perspectiva de que juros vão continuar altos no Brasil. Nesse ambiente de taxa elevada, o executivo disse que a holding não deve começar um novo ciclo de investimento no Brasil, mesmo após reduzir suas dívidas.

Na conta do presidente da Itaúsa, com os juros a 10,5%, e um custo Brasil na casa dos 3%, mais o custo do negócio ao redor de 3%, seria preciso um investimento que desse um retorno nominal acima de 16%. “Não é fácil. É difícil encontrar ativos que deem esse nível de retorno”, disse ele, citando o baixo crescimento econômico.

Setubal afirmou que a Itaúsa continua com a área de fusões e aquisições (M&A, em inglês) ativa, buscando alternativas e sendo procurada por empresas interessadas em vender um pedaço do negócio. “Mas, de fato, é muito difícil de encontrar, diferentemente do passado, quando as taxas de juros estavam baixas e o crescimento maior.”

“Estamos estudando, mas com pouca perspectiva de encontrar um negócio que justifique o risco do investimento”, afirmou Setubal. O presidente da Itaúsa disse que o ambiente costuma mudar rápido; por isso, é preciso estar sempre monitorando e avaliando oportunidades. “Vamos ser muito cautelosos, não vamos fazer investimentos por fazer.”

Segundo ele, no momento, o que dá maior retorno ao acionista é a redução da dívida. “Vamos continuar nos desalavancando”, disse. A dívida líquida do grupo caiu 86% desde setembro de 2022.

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Questionado sobre dividendos, Setubal ressaltou que a tendência é que a holding continue com a prática de distribuir os proventos (sejam dividendos ou juros sobre o capital próprio) que recebe do Itaú para os acionistas da Itaúsa.

“Não vemos perspectiva de chamada de capital”, disse, ao falar do fluxo de caixa do grupo, que está tranquilo. A empresa encerrou junho com caixa de R$ 3,8 bilhões, ante R$ 3,1 bilhões do mesmo mês de 2023.

Mesmo nesse ambiente macroeconômico mais difícil, a diretora de Administração e Finanças da Itaúsa, Priscila Grecco, ressaltou que a Itaúsa teve resultados recordes na primeira metade do ano. O lucro líquido foi de R$ 7,2 bilhões no primeiro semestre, aumento de 13,2% na comparação com o mesmo período de 2023.

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