Após esboçarem alívio no início da tarde, os juros futuros voltaram a subir na hora final da negociação normal da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em movimento atribuído pelos operadores a fatores técnicos e à antecipação de operações relacionadas ao leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional amanhã.
O contrato futuro de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2011 (370.485 contratos negociados hoje) projetava taxa de 10,38% ao ano, de 10,36% no ajuste de ontem. O DI de julho de 2010 (122.290 contratos negociados) avançava de 9,23% para 9,26% ao ano. Os contratos com vencimentos a partir de 2012, os mais sensíveis aos leilões do Tesouro, eram os mais pressionados. A projeção do DI de janeiro de 2012 (113.140 contratos) estava na máxima de 11,57% ao ano, de 11,47% ontem; e o DI de janeiro de 2014 (10.855 contratos), também na máxima, apontava 12,25% ao ano, de 12,16% ontem.
"Foi um mercado de giro", resumiu a economista da Link Investimentos Marianna Costa. Segundo ela, notícias como a queda na confiança do consumidor apurada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a desaceleração do IPC-Fipe acabaram não sensibilizando o mercado, pois "há um consenso de que o aumento da Selic de abril não passa", reforçado pelo conjunto de dados da economia.
A agenda desta quarta-feira foi farta em eventos e indicadores, ainda que nenhum em especial tenha sido determinante para os negócios. O conjunto, porém, autorizou os "comprados" (aposta na alta das taxas) a ampliarem suas posições e os "vendidos", a reduzirem. Pela manhã, o Banco Central divulgou a nota de crédito de janeiro, que mostrou relativa estabilidade nas concessões e nos níveis de inadimplência. Mas os juros aumentaram em relação a dezembro, sugerindo que os bancos já estão se antecipando à esperada alta na taxa básica. O juro médio no crédito livre passou de 34,3% em dezembro para 35,1% em janeiro. E este mês o movimento prossegue. Levantamento preliminar do Banco Central mostra que o juro médio dos empréstimos realizados com recursos livres subiu para 35,4% ao ano em 10 de fevereiro.
Pela manhã, a Fipe informou que o IPC desacelerou de 1,09% para 0,85% entre a segunda e a terceira quadrissemana de fevereiro. E a FGV divulgou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou taxa negativa de 2,2% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal.
À tarde, as taxas teriam recebido um impulso extra das operações relacionadas ao leilão de LTN e de NTN-F que o Tesouro realiza amanhã. Os investidores interessados em participar do leilão costumam comprar DIs como forma de se proteger do risco dos papéis.