Justiça determina transferência imediata das ações da Atvos, da Odebrecht, para fundo americano

Em decisão, desembargador estipula multa diária de R$ 10 milhões e destaca que, se necessário, autoriza uso de força policial

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Por Renée Pereira
Atualização:

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou na quarta-feira, 9,a transferência imediata das ações da Atvos Agroindustrial, do grupo Odebrecht, para o fundo americano Lone Star. Na decisão, o desembargador Azuma Nishi afirma que não é necessário aguardar a prévia autorização do Congresso Nacional  para efetuar a transferência imediata das ações da empresa de açúcar e álcool, sob pena de multa diária de R$ 10 milhões. “Se fizer necessária, autorizo a utilização de força policial para viabilizar o cumprimento da ordem de transferência de ações”, diz o desembargador na decisão. 

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Segundo fontes, a ordem judicial foi cumprida. Mas a empresa do grupo Odebrecht deve recorrer na Justiça para reverter a decisão. A briga judicial entre as duas empresas vem desde o primeiro semestre deste ano. Em maio, depois de ser notificada sobre a entrega das ações, a Atvos entrou com pedido de arbitragem no Centro de Arbitragem e Mediação Brasil-Canadá (CAM-CCBC).

Com uma dívida de quase R$ 12 bilhões, a empresa entrou em recuperação judicial em maio do ano passado. A companhia foi a primeira do grupo Odebrecht a recorrer à proteção da Justiça para renegociar seus débitos. Na época, a empresa afirmou que a recuperação judicial era “resultado da investida hostil de um fundo internacional, que por meio de processo judicial colocou em risco as operações da empresa”. 

A Atvos foi a primeira empresado grupo Odebrecht a recorrer à proteção da Justiça para renegociar seus débitos. Foto: JF Diorio

O grupo se referia ao fundo Lone Star, que tinha cerca de R$ 1 bilhão em créditos a receber (terceiro maior credor da Atvos). Na ocasião, a Atvos atrasou o pagamento para o fundo americano, que entrou na Justiça e conseguiu a penhora de parte importante da produção de cana da Atvos. De lá para cá, as divergências continuaram até o fundo conseguir comprar as ações dos bancos que detinham garantias da empresa.

Com a transferências das ações, a Lone Star passa a deter o controle (50% mais uma ação) da Atvos Agroindustrial. Pelo plano de recuperação judicial, essa empresa tem participação de 10% na nova companhia Bioenergia, que é dona das usinas de açúcar e álcool. Portanto, segundo fontes ligadas ao grupo, a recuperação não será comprometida com a decisão do Tribunal de Justiça. Além disso, a Lone Star precisará de aprovação dos bancos credores para fazer qualquer mudança, como alteração no Conselho de Administração ou anulação do plano de recuperação judicial.

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Além do fundo americano, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil são os maiores credores da Atvos. Os dois bancos públicos detém 66% do total da dívida.

Depois de alguns meses de calmaria, no fim de novembro, a Justiça deu parecer favorável ao fundo americano, em segunda instância. Ao mesmo tempo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), emitiu ofício ressaltando a necessidade de autorização do Congresso Nacional para a concretização da venda das ações do banco Natixis, que daria ao Lone Star, segundo eles, o direito a assumir a direção da companhia. Esse deve ser um ponto que será discutido nas próximas semanas e que pode mudar o rumo das decisões envolvendo a Atvos Agroindustrial.

Procurado, o Lone Star não quis comentar o pedido de arbitragem feito pela Atvos. A Atvos e Odebrecht também não quiseram falar do assunto.

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