A taxa de juros não parece importar para o crescimento de longo prazo de países. Na verdade, poderíamos nos perguntar se as taxas de juro elevadas reduzem o crescimento a longo prazo ou se são os próprios fatores que causam taxas de juro elevadas que também atrasam o nosso crescimento.
Vivemos hoje um equilíbrio econômico ineficiente – e equilíbrios ineficientes costumam se autorreforçar. Instituições que foram cooptadas por pequenos grupos de interesse geram incentivos para que os mesmos grupos de interesse continuem distorcendo escolhas sociais e possam continuar capturando o Estado.
Os subsídios industriais são um exemplo disso. Ao escolher subsidiar um determinado setor da economia, o governo faz essa escolha pensando no bem-estar social ou por que foi capturado por grupos de interesse daquele setor? Grupos que recebem subsídios continuam influentes e podem ajudar a perpetuar políticos que atendam a seus interesses. É um círculo vicioso.
Outros exemplos de captura do Estado podem ser políticas macroeconômicas curto-prazistas. São políticas feitas em detrimento do longo prazo, como controle de preços, políticas de transferência de renda sem um programa bem estruturado ou negligência com inflação alta, por exemplo.
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A maioria dos economistas já abandonou a ideia de que é preciso esperar o bolo crescer para, então, dividi-lo. Sabe-se hoje que a desigualdade, além de ser um problema de direitos humanos, é uma barreira ao crescimento. Logo, políticas que possam reduzir a desigualdade podem colaborar não apenas para o bem-estar social dos mais pobres, mas também para que as pessoas possam viver uma vida mais plena, feliz e produtiva.
Políticas que possam assegurar trabalhadores contra choques negativos e flutuações de renda inesperadas também podem ajudar no melhor funcionamento da economia. Hoje, há uma grande parcela de trabalhadores no setor de serviços que não está devidamente assegurada. O Estado precisa dividir o custo desse risco com a sociedade de uma forma mais justa e eficiente.
O governo está focado em discutir revisão de metas de inflação, autonomia do Banco Central ou políticas industriais. Por que o governo não se concentra em reconstruir programas de transferência de renda que foram destruídos no governo anterior, ou em analisar o impacto da larga parcela de subsídios dados pelo Estado para alguns setores ou ainda avaliar como assegurar trabalhadores de novas categorias de trabalho? O pobre tem sempre de esperar.