Por que alguns países são pobres e outros, ricos? Robert Solow nos disse na década de 1950 que isso se devia à taxa de poupança: alguns países poupavam mais do que outros. Mas, por que isso acontece? David Cass e Tjalling Koopmans sugeriram que a diferença estava nas preferências por poupança e na tecnologia. Ainda assim, a pergunta persiste: de onde vêm essas preferências? Robert Barro argumentou que crescemos porque inovamos, mas quais são os motores fundamentais para a inovação?
Deirdre McCloskey, por sua vez, propõe que o verdadeiro motor do desenvolvimento é a liberdade: o ambiente liberal e a valorização do empreendedorismo incentivam a inovação. Já escrevi sobre isso aqui, destacando como a liberdade individual e a valorização da criatividade moldam países prósperos.
Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson mudaram o foco. Eles não perguntaram sobre crescimento, mas sobre prosperidade, e buscaram respostas em dados históricos com uma abordagem que promoveu a “revolução da credibilidade”. Para eles, a prosperidade depende de instituições inclusivas, que promovem direitos e oportunidades. Em obras como Por que as Nações Fracassam, argumentam que as instituições inclusivas – aquelas que garantem direitos, segurança e oportunidades iguais – criam incentivos para o trabalho, a inovação e o investimento. Já as instituições extrativas, que concentram poder e riqueza em mãos de poucos, sufocam o crescimento e perpetuam a pobreza.
Examinando exemplos históricos, como os sistemas impostos por colonizadores europeus, Acemoglu, Johnson e Robinson demonstraram que sociedades com instituições frágeis, ou que exploram a população, não conseguem gerar crescimento sustentável ou melhorar as condições de vida da maioria. Esse trabalho não só oferece um diagnóstico das causas da desigualdade global, mas também apresenta ferramentas teóricas para entender por que certas instituições persistem e como elas podem ser transformadas. Os três acabaram de receber o prêmio Nobel de Economia nesta semana.
Enquanto escrevia este artigo, recebi a coluna de Deirdre que lamentava o prêmio. Ela trazia, implicitamente, uma dicotomia entre liberdades e instituições como responsáveis pela prosperidade. A meu ver, uma falsa dicotomia. Sem um ambiente institucional que proteja a liberdade, ela não se realiza em seu potencial. E, sem liberdade, as instituições se tornam vazias, frágeis diante do autoritarismo e do extrativismo.
O trabalho de Acemoglu, Johnson e Robinson foi audacioso, nos lembrando da importância de instituições sólidas e justas para garantir uma prosperidade duradoura.
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