O grupo espanhol Aena, que já opera seis aeroportos do Brasil, vai incluir em seu portfólio o segundo aeroporto mais movimentado do Brasil. A empresa arrematou, em leilão realizado nesta quinta-feira, 18, o bloco que inclui Congonhas, em São Paulo, além de outras 10 unidades menores espalhadas pelo País. O lance foi de R$ 2,45 bilhões, com um ágio de 231% em relação à outorga mínima estabelecida, de R$ 740,1 milhões. Foi o único lance dado pelo bloco.
Segundo a diretora internacional da Aena, Maria Rubio, declarou após o leilão, o Brasil é parte relevante dos planos de expansão internacional da companhia. “Queremos contribuir para o desenvolvimento aeroportuário do Brasil. O País é parte muito importante da nossa visão estratégica de expansão internacional”, disse.
Ela destacou que a empresa, que opera 46 aeroportos só na Espanha, tem ampla experiência com operação de grandes redes de aeroportos de diferentes tipos, como turismo e negócios, assim como variados tamanhos. O bloco SP-MS-PA-MG, arrematado pela Aena, é composto pelos aeroportos de Congonhas, em São Paulo; Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará; Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais.
Campo de Marte e Jacarepaguá
Os outros blocos oferecidos no leilão, a 7.ª rodada de concessões, também foram arrematados. O conjunto chamado de Aviação Geral, que inclui os aeroportos Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio, ficou com a XP, que fará sua estreia no setor. A empresa pagou R$ 141,4 milhões, sem ágio em relação à outorga mínima estabelecida no edital.
Segundo Túlio Machado, chefe da XP Asset, o potencial dos aeroportos Campo de Marte e Jacarepaguá vai além das tarifas aeroportuárias. ”É notório que a vocação de Campo de Marte e Jacarepaguá não passa só pelas receitas tarifárias, há potencial de exploração do imobiliário, isso é permitido”, afirmou em coletiva de imprensa.
Ele esclareceu que a operação de Congonhas permite que haja expansão onde hoje há terminais de aviação executiva. “Acreditamos que uma parte do share de Congonhas deva vir para o Campo de Marte, temos planos de deixar o aeroporto mais seguro (com voos por instrumentos). Acreditamos que as tarifas aeroportuárias vão aumentar.”
Norte
Além disso, o Consórcio Novo Norte, composto pela Socicam e pela Dix Empreendimentos, arrematou o bloco Norte II por R$ 125 milhões, um ágio de 119,7% em relação à outorga mínima estabelecida no edital, de R$ 56,9 milhões.
O bloco foi disputado também pela Vinci Airports, que opera o Aeroporto de Salvador e na 6.ª rodada de concessão, promovida no ano passado, arrematou o bloco Norte com sete aeroportos.
O Bloco Norte II é integrado pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP).
Infraestrutura
O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, avaliou positivamente o resultado da 7.ª rodada de concessão de aeroportos. “Estamos muito satisfeitos com o resultado de hoje”, afirmou. Sampaio destacou a participação da estrangeira Aena na disputa. “Mais do que muitos concorrentes, tivemos um concorrente que deu lance com ágio de 231%. O Brasil é um destino seguro para o capital estrangeiro”, avaliou o ministro.
Nessa linha, Sampaio ressaltou a diversidade de empresas participantes, incluindo também a XP. “Comemoramos a pluralidade de operadores em infraestrutura. Isso nos traz mais segurança”.
Ainda de acordo com o ministro, esse foi o 100.º leilão promovido pela pasta, com R$ 120 bilhões contratados. A expectativa é que a 8.ª rodada de concessão de aeroportos, que vai incluir o Santos Dummont e Galeão, no Rio, ocorra no ano que vem. “Vamos reequilibrar a matriz de transportes no Brasil, trazendo um regime simples para que o privado posso continuar investindo”, completou Sampaio.
O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Julio Noman, também comemorou o resultado. ”Temos o maior programa de concessão de aeroportos do mundo, com a modelagem mais sofisticada do mundo”, disse, após o leilão.
Ele acrescentou que as concessões fazem parte da estratégia do governo federal de “universalizar o acesso à infraestrutura e ao transporte aéreo”. “Sabemos que isso precisa acontecer”, disse.
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