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Opinião|corpo estagnado

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Por Claudia Miranda Gonçalves

Transparência e linguagem  transverbal: Despertando o Corpo Estagnado no Ambiente Corporativo

 

A busca por conexão e autoconhecimento se torna cada vez mais necessária em um mundo marcado pela aceleração tecnológica e pela virtualização das relações. Neste contexto, dois conceitos se destacam: a transparência, conforme descrita por Linda Hartley, e a linguagem transverbal, conceito-base para se entender a gramática nas constelações estruturais desenvolvidas por Insa Sparrer e Mathias Varga vom Kibed. Ambos exploram a profundidade da experiência humana por meio de uma linguagem transverbal e transcontextual, capaz de revelar o que é frequentemente invisível em nossas interações. No entanto, essa linguagem muitas vezes é suprimida em ambientes corporativos, onde a comunicação se limita a trocas verbais superficiais e interações digitais, resultando em um fenômeno preocupante: o corpo estagnado.

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As constelações estruturais, desenvolvidas por Insa Sparrer e Mathias Varga vom Kibed, são uma forma de explorar e visualizar dinâmicas relacionais. Usando uma abordagem fenomenológica, os participantes apresentam seus sistemas familiares ou de trabalho por meio de representantes posicionados no espaço e utilizando-se da linguagem transverbal, ou seja, que vai além das palavras. Esse método revela interações e dinâmicas subjacentes que, muitas vezes, permanecem ocultas no cotidiano.

A riqueza deste processo reside no fato de que ele permite que os participantes sintam e observem as emoções e tensões que surgem das relações, promovendo uma compreensão mais ampla das forças que moldam suas experiências. Através da disposição espacial e do movimento dos representantes, é possível acessar uma dimensão profunda da experiência humana, proporcionando insights sobre lealdades invisíveis, conflitos não resolvidos, misturas de papéis ou posições, sobreposições e vazios.

Infelizmente, em muitos ambientes corporativos, essa linguagem transverbal e transcontextual é significativamente reduzida ou quase suprimida. O corpo estagnado é uma expressão adequada para descrever a experiência de se passar longas horas sentados em frente a telas, imersos em um mundo virtual que frequentemente limita a expressão emocional e a comunicação não verbal.

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Para as equipes, a estagnação do corpo compromete a dinâmica de grupo. A ausência de comunicação não verbal impede o fortalecimento dos vínculos entre os membros, resultando em uma colaboração fraca e em uma cultura organizacional baseada em interações superficiais. Quando as pessoas não têm a oportunidade de se sentir vistas ou de expressar suas intenções e emoções de maneira autêntica, a confiança entre os membros da equipe se deteriora, levando a conflitos internos e à falta de coesão.

Por fim, para a organização, o impacto do corpo estagnado é ainda mais abrangente. Ambientes de trabalho que não favorecem a transparência e o engajamento humano não só prejudicam o bem-estar dos colaboradores, como também prejudicam a produtividade e a inovação. Organizações que operam com base em um modelo que não valoriza a conexão emocional e a expressão autêntica correm o risco de se tornarem obsoletas em um mercado que exige agilidade e adaptabilidade.

A ausência de práticas promotoras de  transparência e de comunicação corporativa transverbal resultam em ambientes de trabalho onde as relações se tornam superficiais e mecânicas. Para reverter essa tendência, é essencial que líderes e gestores promovam espaços que incentivem a comunicação aberta e verdadeira. 

Criar um espaço seguro para que as vozes sejam ouvidas e onde o corpo e a mente possam se conectar é fundamental para cultivar um ambiente que valorize a autenticidade. A introdução de sessões regulares para promover interação física, como pausas ativas ou atividades de team building, pode ajudar a combater o corpo estagnado e revitalizar as interações interpessoais.

Conclusão

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A linguagem transverbal e transcontextual e a transparência possuem o poder de transformar relações e experiências humanas. À medida que avançamos em um mundo cada vez mais digitalizado, é essencial lembrar da importância de cultivar conexões autênticas e de valorizar as emoções que nos tornam humanos. No ambiente corporativo, criar espaço para essa expressão pode não apenas revitalizar a cultura organizacional, mas também nutrir um clima de confiança e solidariedade que permita o florescimento dos talentos individuais e coletivos. A transparência e a comunicação não verbal são, portanto, não apenas desejáveis, mas essenciais para o sucesso e o bem-estar em nossos relacionamentos profissionais e pessoais. Para superar os desafios do corpo estagnado, é fundamental adotar uma abordagem que integre corpo e mente, permitindo que a autenticidade e a expressão genuína se tornem alicerces de uma cultura organizacional vibrante e saudável.

Opinião por Claudia Miranda Gonçalves
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