São várias as batalhas por liderança no Mercado, inovação, ser disruptivo (nova onda ou veio pra ficar?). O que se passa nas empresas líderes em seus mercados? Como a ameaça à sua liderança gera medo de perder o status e recursos? O que isso pode fazer com a empresa?
O que vemos é o aumento da pressão nos departamentos para entregarem mais e mais rápido. Ninguém quer ser o portador de más notícias ou mostrar o que não funciona. Os reportes pra a liderança se tornam seletivos e a capacidade de tomar decisões efetivas diminui.
Você vê as partes ou vê o todo?
Como os líderes percebem as emoções dos grandes grupos de stakeholders? Para além de expressões faciais, que oferecem informação preciosa e confiável sobre como as pessoas estão entendendo seu contexto, o que se pode fazer para acessar emoções coletivas?
Em sistemas relacionais (sistemas vivos, como equipes, empresas, grupos e comunidades), são necessárias três inteligências para agir e interagir.
Inteligência emocional ou EQ: a capacidade de reconhecer as próprias emoções e as de outros, conseguindo discriminar entre diferentes sentimentos e reconhece-los (nomeá-los) apropriadamente e de usar esta informação emocional para guiar o pensamento e o comportamento;
Inteligência Social ou SQ ou inteligência interpessoal: a capacidade de comunicar efetivamente em relacionamentos e ambientes sociais, sabendo como agir com sabedoria quando em relacionamentos e situações sociais;
Inteligência sistêmica ou SisQ: a compreensão de si mesmo e de outros através de sua experiência no sistema do qual faz parte. É a habilidade de ver a sua experiência não só como sua própria, mas também como parte do sistema como um todo. É uma meta-posição (a posição do observador), a perspectiva do sistema. Esta habilidade permite a leitura do espaço; por exemplo, "há muita tensão na sala";" a empresa está preocupada". Ela é fundamental para entender as dinâmicas de grupo no nível organizacional/ social e para nutrir e desenvolver sistemas relacionais (nossas coletividades e tribos). A inteligência sistêmica está muito relacionada à inteligência coletiva.
O entendimento do coletivo pode ajudar líderes a responder efetivamente ao grupo como um todo. Isso pode acontecer, por exemplo, com a ansiedade coletiva dos executivos quando ocorre a notícia de uma restruturação coletiva; ou as autoridades públicas têm que lidar com a raiva coletiva de grandes massas se manifestando nas ruas; ou quando os políticos tentam inspirar grandes grupos para assim poder conquistar seus votos. Líderes capazes de capturar as pistas emocionais sutis - ou nem tão sutis - podem se adaptar de acordo e assim conquistar mais respeito e credibilidade.
Líderes eficientes conseguem ler a emoção coletiva
Para que os líderes possam responder com sucesso a frustrações, expectativas e medos em suas organizações, clientes, comunidades e investidores, eles devem primeiro ser capazes de reconhecer e ler padrões emocionais que sinalizam a propensão a diferentes comportamentos. Altos executivos normalmente não têm tempo para se relacionarem numa base de um para um com seus grandes números de subordinados e por isso precisam decodificar e atender emoções coletivas para além das individuais.
Ainda é difícil se aceitar que uma estratégia corporativa incrível e bem elaborada possa depender da aliança emocional dos diversos grupos envolvidos. Ainda hoje conta-se muito mais com a abordagem racional do lado esquerdo do cérebro do que com a mais emocional do lado direito do cérebro... só que as emoções tomarão conta do contexto assim que estes líderes virarem as costas.
A liderança com dificuldade em ler emoções faz surgir culturas empresariais de aversão ao risco. Enquanto tudo vai bem, isso passa despercebido - como uma doença em seus primeiros estágios. Mas quando uma mudança de rumo se torna necessária, estes líderes se dão conta de que, não importa o quanto tentem, a transformação não decola.
E você? O que tem feito para ler seus sistemas?
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