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Opinião|Mentoria e Liderança: Lições de Igualdade e Confiança

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Por Claudia Miranda Gonçalves

Por ANDRÉA NERY

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Quando terminamos nossa conversa, senti que tinha sido especial; meu corpo estava leve e notei um sorriso no rosto. Essa sensação ficou comigo, e algumas palavras ainda reverberaram ao longo do dia. Também observei o que aconteceu com a pessoa que esteve comigo: nosso fechamento tinha energia e havia brilho nos seus olhos.

A riqueza de um processo de mentoria está nesta troca, na construção conjunta de um espaço de liberdade onde nos encontramos como iguais e nos responsabilizamos. Apesar de a relação se estabelecer quando o mentor detém o conhecimento e a experiência de interesse ao mentorado(a), se engana quem pensa que se trata de uma relação de superioridade.

Como mentora, a atenção é constante para não correr o risco de se sentir responsável pela transformação do outro e, com muita humildade, entender e observar o quanto se aprende ao se propor um processo em que caminhamos juntos. A descoberta é mútua e requer que abandonemos julgamentos e críticas, colocando-nos na posição de ouvintes ao mesmo tempo que nos permitimos ser tocados pela história que se desvela no caminhar.

A comunicação é a maior ferramenta deste processo. Ela deve ter como base a confiança, que permite trazer o não saber e faz acreditar que podemos estar nesta relação sendo quem somos, e que temos espaço para falar sobre nossas dúvidas e inseguranças, sabendo que não existem outras intenções por trás.

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No papel de mentora, deixo-me guiar por um caminho desconhecido para ambos, buscando uma intenção profunda de levarmos algo maior e mais significativo que vai surgir de nossa capacidade de colaboração diante de um contexto em que nada está determinado e tudo pode ser construído. Somos dois nesta dança de altos e baixos de emoções vivas.

Essa dança requer um ritmo que combina escuta, pausa e fala de forma a abrir espaço para estarmos com os sofrimentos, as dificuldades, os desafios, trazendo reconhecimento para nossas dores, deixando que sejam verbalizadas, sentidas e vistas para então, com um foco nas possibilidades, despertar a coragem necessária para superar tudo isso e crescer diante da situação. Não existe felicidade sem o reconhecimento da dor.

Lidar com o que está presente, acessando as emoções que estão vivas e entendendo como elas estão atuando, traz aos movimentos a consciência que pode mudar a qualidade do resultado.

Ao fim, percebemos que a mentoria é uma jornada compartilhada, onde ambos, mentor e mentorado, evoluem juntos. É um processo que exige abertura, empatia e uma disposição genuína para aprender e crescer. A verdadeira transformação ocorre quando nos permitimos ser vulneráveis, aceitamos nossas imperfeições e nos comprometemos a caminhar lado a lado, sem hierarquias ou pre-concepções.

Nestes anos todos de atuação como mentora, venho aprendendo e exercitando o desenvolvimento desta conversa e acredito que o que a torna tão rica é essencial também nas interações entre líderes, suas equipes e seus pares. Assim como na mentoria, essas conversas devem ser pautadas pela escuta ativa, empatia e autenticidade. Líderes que cultivam essas qualidades são capazes de criar ambientes de confiança e colaboração, fundamentais para enfrentar os desafios atuais com criatividade e resiliência.

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Pergunte-se: Como posso abrir espaço para que minha equipe se sinta segura para compartilhar suas verdadeiras preocupações e ideias? Estou disposto a ouvir sem julgar, a entender antes de ser entendido?

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Estar em uma posição de liderança não significa ter todas as respostas, mas sim estar aberto para aprender continuamente e ser humilde o suficiente para reconhecer o valor das contribuições dos outros. Como líder, você está disposto a se colocar em uma posição de igualdade como ser humano, onde a troca genuína de ideias pode florescer?

Pode ser provocador refletir sobre como sua presença influencia o ambiente de trabalho: Qual é a qualidade da sua escuta? Como você pode, com humildade, criar relações baseadas na confiança mútua e na intenção de aprender juntos? Abra espaço para essas perguntas e permita que elas guiem sua evolução como líder. Fique atento ao seu corpo e às suas sensações; elas podem indicar muito sobre seu caminho. A energia positiva, o sorriso no rosto e o brilho nos olhos são bons sinais neste processo contínuo que trilha o líder.

Opinião por Claudia Miranda Gonçalves
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