BRASÍLIA – O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano é um “tapa na cara” no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pediu que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, compareça ao Congresso para debater a política monetária.
Guimarães afirmou que a manutenção dos juros nesse patamar não inviabiliza o novo arcabouço fiscal, a ser apresentado depois da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. “Mas é um tapa na cara. Chega! Alguém quer ser maior do que o rei?”, questionou. “A autoridade monetária não é maior que o Brasil e o presidente da República. O País não merece isso e muito menos o Haddad.”
No mesmo tom das críticas feitas por Lula – para quem juros em 13,75% ao ano “não tem explicação nenhuma no mundo” –, Guimarães observou que o governo tem feito “enorme esforço” para apressar a queda dos juros. “Esse governo não é fiscalmente irresponsável como o de Jair Bolsonaro”, afirmou. “A autoridade monetária tem que levar em conta que não é o Deus do Brasil. Tem o programa vitorioso das urnas e é isso que deve orientar sua atuação.”
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e a de Finanças e Tributação da Câmara já aprovaram convites para Campos Neto prestar esclarecimentos ao Congresso sobre a política monetária. “O presidente do Banco Central vai para todo canto debater. Vai para a Faria Lima, vai para os bancos, conversa com investidores. Ele não pode vir para o Congresso por quê?”, perguntou Guimarães.
Como mostrou o Estadão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aprovou na semana passada um requerimento para realizar uma sessão de debates com o tema “juros, inflação e crescimento”. A ideia é convidar Campos Neto e Haddad para o encontro. “O desejo de todos, inclusive do Banco Central, não tenho dúvida, é a redução da taxa de juros no País”, avaliou Pacheco. “Só que a decisão do Copom de ontem (quarta-feira, 22) vai no caminho oposto do que Haddad está fazendo”, insistiu o líder do governo na Câmara.
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