Não existe organização sustentável com colaboradores que sofrem. Na Mondelez Brasil, cuidar da saúde mental dos colaboradores é uma relação ganha-ganha para todos: para os colaboradores, para gestores e para o negócio, afinal, ninguém é uma pessoa dentro do trabalho e outra diferente fora dele. Problemas em casa impactam no trabalho. E momentos complicados no trabalho impactam na vida pessoal.
Durante a pandemia, percebemos que o número de pessoas que apresentavam algum tipo de sofrimento emocional aumentou, por conta do momento em si, mas também pela oportunidade de as pessoas poderem mostrar sua vulnerabilidade.
Isso ligou um alerta, pois entendemos que muitas pessoas ainda têm dificuldade de se mostrar vulnerável e de pedir ajuda. Então começamos a olhar nossos indicadores de uso do nosso plano de saúde, comportamento de compra de medicamentos, atestados e consultas e percebemos que a saúde mental era um ponto de atenção.
Assim, estruturamos um programa de saúde mental e, hoje, todos os nossos centros de atenção à saúde têm uma psicóloga de referência e médico do cuidado, que pode encaminhar para um especialista os colaboradores.
Ações na prática
Quando o colaborador faz o exame médico periódico determinado pela legislação, aproveitamos para pedir que faça também uma autoavaliação de saúde emocional. Já as pessoas que são novas na companhia, pedimos para fazer o exame 90 dias após a contratação.
A avaliação consiste em dois questionários de padrão internacional, validados cientificamente, que indicam se a pessoa está com o sofrimento emocional e o seu grau – alto ou médio. Nossas psicólogas procuram essas pessoas para oferecer uma escuta terapêutica e para indicar os caminhos disponibilizados pela empresa para serem ajudadas, como terapia ou indicação de psiquiatra do plano de saúde.
Também temos o aplicativo de terapia guiada Cíngulo, caso seja de interesse do colaborador, uma assinatura premium para desenvolver seu autoconhecimento e ajudar na estabilização do momento que está passando. Ele oferece suporte emocional para todos os colaboradores. Esse cuidado e olhar atento é para apoiar pessoas que estão precisando de ajuda, mas ainda não nos buscaram.
Alguns transtornos mentais específicos no programa de monitoramento de crônicos, tem acompanhamento médico a cada três meses e reembolso de 95% do valor do medicamento, pois muitas pessoas abandonavam ou nem começavam o tratamento por conta do custo.
O resultado de todas essas ações fez com que, cada vez mais, as pessoas falem sobre o tema e sem amarras. Em 2021 e 2022, fizemos semanas temáticas de saúde mental, inclusive com a alta liderança, abrindo as palestras para mostrar que líderes podem precisar de ajuda.
Os colaboradores já sabem que existe esse suporte e ouvem dos colegas que fizeram uso dele que foram muito bem atendidos. Então, alguns chegam até ao serviço espontaneamente pedindo ajuda ou, às vezes, indicados por seu gestor, que percebe que ele(a) não está passando por um momento bom.
Isso mostra que os treinamentos da liderança para desenvolver esse olhar atento, as rodas de conversa e momentos de conscientização estão funcionando. Orientamos como as pessoas podem perceber que um problema é persistente ou traz alguma dor mais prolongada do que deveria. Identificado, oferecemos ferramentas internas e externas para que a pessoa possa enfrentar a situação ou para saber quais são os gatilhos que afloram o sofrimento para tentar evitá-los.
E, para deixar claro que o tema faz parte da nossa cultura, criamos a #tudobemnãoestarbem. Ela evidencia a ideia de que ser vulnerável não é ser fraco, mas, pelo contrário, é ser forte, pois você está encarando seus problemas, fragilidades e medos. E buscar aprender com isso, tentar encontrar um balanço e entender que, às vezes, alguns pratos caem.
*Gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Mondelez Brasil
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Economia
Veja mais em economia