O conselho de administração da Light aprovou em reunião realizada na segunda-feira, 4, um plano que, caso aprovado pelos credores, pode levar à desistência do processo de recuperação judicial, apurou o Estadão/Broadcast. A dívida da Light soma mais de R$ 11 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões representadas por debêntures, ou seja, em mãos de pessoas físicas e gestoras.
As negociações já estariam em andamento com credores, segundo fontes, e a expectativa é que um acordo ocorra em 30 dias. Esse desdobramento é um dos reflexos da chegada do investidor Nelson Tanure na Light. A proposta foi votada por um novo conselho, eleito em julho, após Tanure alcançar uma participação de 30,5% na companhia.
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Segundo uma fonte, Tanure teria insistido nesse plano, a despeito de opiniões contrárias, pois quer mostrar iniciativa junto ao Ministério de Minas e Energia e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como parte de uma estratégia visando obter a renovação da concessão da distribuidora.
O contrato atual vence somente em 2026, mas a intenção da empresa é antecipar essa renovação, mas para isso precisa demonstrar uma situação econômica e financeira equacionada, ou seja, ter um plano aprovado junto a credores.
Em linhas gerais, o acordo retiraria da mesa um dos principais problemas para os gestores de fundos que alocaram nessas debêntures e bonds, que é a possibilidade de corte na dívida, como normalmente acontece em processos de recuperação judicial. Em contrapartida, propõe aos credores a troca de entre 30% a 40% das dívidas por ações, de acordo com fonte com conhecimento do assunto. O restante, acrescentou a fonte, seria alongado por dez anos.
Há ainda uma proposta de injeção de um mínimo R$ 1 bilhão em novos recursos na Light, o que, segundo a fonte, deve ficar próximo de R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.
Credores debenturistas e bondholders, detentores de títulos de dívida emitida no exterior pela companhia, já vinham indicando que buscavam negociações como se a Light Distribuidora e a Light Geradora, contra as quais têm créditos, não estivessem abarcadas na recuperação judicial.
O pedido de recuperação judicial foi feito pela holding da Light, que é garantidora das dívidas, e os efeitos — basicamente a proteção contra execuções — foram estendidos para a Geradora e a Distribuidora. “Queremos receber o que investimos e que a Light continue funcionando. Para isso é preciso que todos negociem”, disse uma gestora que tem debêntures da Light.
Segundo ela, ficou difícil entender porque os administradores tomaram essa decisão. “Entendemos que o que foi feito foi um subterfúgio de governança terrível para a própria empresa” acrescentou. A fonte afirmou ainda que os credores não aceitam corte nas dívidas, mas poderiam negociar um alongamento.
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