Light decide mudar presidência da empresa para melhorar interlocução com credores

Octavio Pereira Lopes vai deixar a empresa no final deste ano; ele será substituído por Alexandre Nogueira, atual diretor regulatório e de relações institucionais da companhia

PUBLICIDADE

Publicidade

Pouco mais de um ano após assumir a presidência da Light, Octavio Pereira Lopes vai deixar a empresa no final deste ano, para ser substituído por Alexandre Nogueira, atual diretor regulatório e de relações institucionais da companhia.

PUBLICIDADE

A decisão sucede a troca do Conselho de Administração da empresa, em julho, após o empresário e investidor Nelson Tanure se tornar o maior acionista da companhia. Segundo pessoas familiarizadas com o caso, a saída de Lopes já era esperada por boa parte do mercado e a tendência é que outros executivos da primeira linha da administração também sejam substituídos.

A empresa tem uma dívida estimada em mais de R$ 11 bilhões. O atual CEO vinha sendo criticado pela dificuldade de interlocução com os credores, o que inclui bancos, gestoras e muitas pessoas físicas.

Com uma experiência reconhecida à frente da Equatorial Energia, empresa que ganhou fama pela recuperação de distribuidoras de energia elétrica em situação operacional difícil, Lopes chegou à empresa fluminense em agosto do ano passado para garantir a viabilidade econômico-financeira do grupo e, particularmente, da distribuidora, de forma a credenciar a empresa a um novo contrato de concessão de mais 30 anos. O atual vence em 2026.

Light atravessa recuperação judicial Foto: WILTON JUNIOR / AE

Lopes fez alguns movimentos com vistas a favorecer a geração de caixa de curto prazo, incluindo a redução de investimentos. Mas a decisão de pedir recuperação judicial (RJ) azedou de vez a relação com o mercado.

Publicidade

O pedido de RJ foi feito com extensão da proteção judicial para as dívidas financeiras das controladas Light Energia (geradora) e a Light SESA (distribuidora), apesar da proibição legal de concessionárias de energia utilizarem o mecanismo, o que gerou desconfiança e críticas por diferentes grupos.

A chegada de Tanure e a reportada dificuldade de avanço nas negociações visando à reestruturação das dívidas da companhia já tinham levado à substituição da Laplace, assessoria contratada no início do ano para apoiar esse movimento, pela BR Partners, comandada por Ricardo Lacerda.

Segundo pessoa próximas da empresa, Lopes já vinha sendo afastado das conversas com credores. De qualquer forma, a expectativa, com o anúncio do desembarque do executivo, é que as negociações entrem em uma próxima fase, que viabilize um acordo definitivo nos próximos meses.

Uma das críticas na Faria Lima era de que a administração da companhia estava muito alinhada aos acionistas, mas pouco alinhada aos credores. Um dos pontos que incomodavam os credores era que a gestão da Light, entre os benefícios, tem um pacote de opções de ações equivalente a 5% do capital da companhia, em cima do que valorizar as ações, portanto, garantiria ganhos pessoais maiores caso conseguisse um desconto maior das dívidas.

A avaliação é que se o acionista da empresa quer ter um assessor financeiro para negociar com os credores, está dentro do seu papel, mas a gestão tem de trabalhar para todos: credores e acionistas. “Um CEO da empresa não pode ficar arbitrando para onde vai o valor da companhia. Isso gera uma desconfiança”, disse.

Publicidade

Apesar da insatisfação, uma pessoa próxima da empresa afirma que Lopes “tem o mérito de ter enfrentado o pior momento”. “Sem a recuperação judicial deferida de todo o grupo, a história seria outra”, disse, defendendo a decisão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.