A primeira emissão de títulos verdes pelo governo brasileiro no mercado global demonstrou a confiança dos investidores no avanço da agenda verde no País. Em um cenário de volatilidade no mercado global, a demanda superou a oferta em mais de duas vezes. Os US$ 2 bilhões captados irão sustentar o desenvolvimento de ações de recuperação de biomas, modernização de indústrias e redução de impactos ambientais, por meio do Fundo Clima.
Nas últimas semanas, fenômenos simultâneos de seca na Amazônia, enchentes na região Sul, ciclones, recordes de calor no Sudeste e temperaturas acima de 50 graus centígrados no Nordeste indicaram a necessidade de agir com ainda mais urgência.
Está claro que a questão ambiental é um tema existencial do ponto de vista da civilização. Semana passada, em sua primeira reunião depois de um ano de tensões, os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, colocaram o trabalho em conjunto contra o efeito estufa como um dos pontos de convergência.
O meio ambiente é uma prioridade sobre todas as outras e requer muitos investimentos. Segundo as estimativas da Climate Policy Initiative (CPI), um grupo consultivo sem fins lucrativos, os investimentos em relação ao clima atingiram US$ 1,3 trilhão por ano em 2021 e 2022.
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Parece bastante, mas a estimativa é que serão necessários US$ 8,6 trilhões por ano até 2030 para limitar o aquecimento a um grau centígrado e meio em relação ao clima pré-industrial.
A agenda verde do Brasil é fundamental e precisa de recursos para ser implementada. O Plano de Transição Ecológica tem seis eixos que convergem para a meta de emissão de carbono zero até 2050 e demandarão R$ 540 bilhões.
A regulação do mercado de crédito de carbono, ora em curso no Congresso, vai proporcionar ao País a participação em outro mercado promissor. Segundo a Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Carbono, o Brasil pode produzir até 15% da oferta global de créditos para a compensação de emissões.
No fim do ano, o Brasil terá a sua maior delegação na COP-28, em Dubai. Uma oportunidade de captar novos investidores.
Em novembro de 2025, ao sediar a COP-30, em Belém, o País poderá apresentar ao mundo os avanços na proteção de suas florestas e na transição energética. Nossa ambição é nos tornarmos uma referência global. Há muito a ganhar em empregos, receitas e mercados com a aceleração da agenda verde no Brasil
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