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Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Opinião | Com Trump no poder, o pragmatismo deverá prevalecer na relação Brasil-EUA

O Brasil tem uma economia resiliente, moderna e que busca aumento da eficiência. São condições que nos colocam no caminho do fortalecimento econômico, e não o contrário

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Foto do author Luiz Carlos Trabuco Cappi

Donald Trump venceu evocando “Fazer a América grande de novo”. O slogan foi usado pela primeira vez por Ronald Reagan e retomado na campanha de Trump em 2016. Funcionou de novo. A vitória foi mais contundente do que a anterior. O ex-presidente volta ao cargo por distinguir o descontentamento da sociedade com a economia, em especial a inflação, a baixa popularidade de Joe Biden e o sentimento nacionalista.

Uma mudança de rumos da economia americana deve acontecer a partir de 20 de janeiro, quando Trump tomará posse. Os anúncios são de protecionismo e barreiras comerciais, o que pode significar inflação e queda mais lenta dos juros.

As relações com a China e a União Europeia devem ser as mais impactadas. O Brasil também poderá ser afetado.

Trump volta ao cargo por distinguir o descontentamento da sociedade com a economia, em especial a inflação, a baixa popularidade de Joe Biden e o sentimento nacionalista. Foto: Kena Betancur/AFP

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Porém, é aconselhável esperar indicações concretas sobre a linha de conduta econômica de Trump, e também ter um olhar para o seu primeiro mandato, no período 2017-2021.

O mundo mudou nestes últimos quatro anos. O cenário envolve maior complexidade, duas guerras de grandes proporções em andamento, além da acentuação das mudanças climáticas e das desigualdades regionais. Projeta-se, por lógica, uma reconfiguração dos interesses americanos no mundo, apesar do discurso focado nas prioridades internas.

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As relações entre Brasil e Estados Unidos sempre foram pautadas, com sucesso, pelo pragmatismo econômico. A corrente comercial entre os dois países é robusta e equilibrada. Neste momento, estão em tendência de alta, com projeções que apontam para o segundo maior volume de negócios em toda a série. De janeiro a setembro de 2024, a corrente comercial entre os dois países atingiu US$ 60,1 bilhões, segundo a Câmara Americana de Comércio (Amcham).

Cada vez maior, a diversificação da pauta exportadora brasileira oferece alternativas para compensar eventuais barreiras. No primeiro mandato de Trump, os Estados Unidos mantiveram-se como o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

Na agenda apresentada por Trump em campanha, o crescimento da economia dos Estados Unidos foi o ponto central. Essa definição aponta que o país continuará a ser o maior mercado consumidor do planeta, e isso demandará inevitável interação com os demais países do mundo.

O Brasil tem uma economia resiliente, moderna e que busca aumento da eficiência. São condições que nos colocam no caminho do fortalecimento econômico, e não o contrário. O pragmatismo deverá prevalecer.

Opinião por Luiz Carlos Trabuco Cappi

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

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