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Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Opinião | Não é preciso nem euforia e nem catastrofismo sobre o cenário econômico do Brasil

Ajustar as contas pode mudar expectativas para um ciclo sustentável de crescimento

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Foto do author Luiz Carlos Trabuco Cappi

O ano de 2024 foi de ambivalência. Em oposição a uma economia real de resultados positivos surpreendentes, as expectativas apontam para uma escalada no sentimento de apreensão. Talvez seja o momento de reiterar que a primeira regra não escrita em relação ao Brasil é que jamais devemos subestimar a sua capacidade de superar os desafios pelo esforço conjunto de empresários, trabalhadores, governantes e a classe política.

É notável a dinâmica de crescimento da economia brasileira. Da mesma forma, é repetitivo, no início desses ciclos, o surgimento dos sinais de alerta sobre seus limites e os necessários ajustes de equilíbrio. Não é preciso, portanto, nem euforia, nem catastrofismo, pois são conhecidos os riscos envolvidos nos sentimentos exacerbados.

Trabalhadora no centro de distribuicao do Mercado Livre na cidade de Extrema, que tem taxa de desemprego abaixo da media  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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O primeiro indicador a se observar é a discrepância entre as projeções iniciais para o desempenho do PIB e os números que, na prática, estão sendo alcançados. O Focus de 2 de janeiro apontou crescimento anual de 1,52%, mas estaremos próximos a 3,5% no final do exercício. Essa aceleração se reflete em novas situações de ganha-ganha entre os agentes econômicos.

O lucro líquido das 327 empresas listadas na B3 somou, no terceiro trimestre, R$ 103,6 bilhões, 55% acima do mesmo período de 2023. Entre as 297 companhias não financeiras, a alta foi de 53,5%, com uma distribuição de dividendos 228% acima.

A espiral de alta registra ainda recuo para 6,2% no desemprego, com uma população ocupada de 103,6 milhões de pessoas. Ambos os dados do IBGE são recordes na série histórica, iniciada em 2012.

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Houve deterioração, porém, nas expectativas de inflação, juros e câmbio. Embora o Focus inaugural deste ano enxergasse um IPCA de 3,90%, Selic abaixo de 9% e dólar a R$ 5, os números reais são bem outros. Em novembro, a inflação em 12 meses acumulou 4,87%, os juros bateram em 12,25% e, em recorde histórico, a moeda americana superou a marca de R$ 6.

Esses dados objetivos refletem a visão de que nem tudo está correndo bem. As preocupações se concentram na necessidade de medidas de corte de gastos do governo, cuja dimensão e qualidade dependem bastante do Congresso. Essa percepção nos acompanha há muitas décadas, e isso nos leva ao raciocínio de que o problema merece uma abordagem estrutural, atuando, entre outros, na correção da rigidez orçamentária e da disfuncionalidade do Estado.

Ajustar as contas pode ter como efeito mudar expectativas, endereçando um ciclo sustentável de crescimento no longo prazo.

Opinião por Luiz Carlos Trabuco Cappi

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

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