EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Opinião | Regime de metas da inflação completa 25 anos

Pelo nosso histórico, controlar a inflação permanece como um desafio que não pode ser subestimado

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Luiz Carlos Trabuco Cappi

O regime de metas de inflação está comemorando 25 anos. Adotado formalmente com o Decreto 3.088 em 21 de junho de 1999, o modelo seguiu o aplicado dez anos antes na Nova Zelândia e, logo em seguida, pelo Canadá. O sucesso alcançado nesses dois países no controle da inflação influenciou o Reino Unido, a Finlândia, a Suécia, a Austrália e a Espanha a adotar regimes parecidos.

PUBLICIDADE

Antes da política de metas, esses países adotavam uma estratégia antinflacionária baseada no controle de agregados monetários e no uso da taxa de câmbio. Da mesma forma, no Brasil, logo após o Plano Real, a política monetária foi determinada pelo controle de agregados e o uso da taxa de câmbio. Esse sistema funcionou por um tempo, mas foi se esgotando aos poucos.

A inflação funciona como um imposto perverso que incide sobre os mais pobres, inibe o crescimento econômico, desestimula investimentos e incentiva a fuga de capitais para ativos em outras moedas. No Brasil, ela foi mais severa do que na maioria dos países e desorganizou a economia. O Plano Real conseguiu ter sucesso nos primeiros anos, e sua consolidação se deu com o regime de metas de inflação.

O arcabouço do modelo é simples. No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define a meta de inflação, com uma banda de tolerância para cima ou para baixo, e o Banco Central determina a taxa de juros básica, a Selic, em reuniões periódicas do Comitê de Política Monetária (Copom). Se a projeção de inflação não estiver convergindo para a meta, o órgão avalia a conveniência de subir a taxa. Caso contrário, com a inflação dentro da banda, o Copom pode manter ou reduzir a Selic.

Presidente do Banco Central (edifício à esquerda na foto) é um dos integrantes do Conselho Monetário Nacional, junto com os titulares do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Nesses 25 anos, o regime de metas teve alguns ajustes ao longo do tempo. As reuniões do Copom eram mensais; agora, são a cada 45 dias. A meta de inflação seguia o critério do ano-calendário, e a conta fechava em dezembro. Agora, decidiu-se que a meta será contínua. Ou seja, o Copom deve perseguir a orientação do CMN ao longo do tempo, e o prazo-limite para justificar o eventual descumprimento será de seis meses consecutivos.

Publicidade

O sistema de metas é resultado de um amadurecimento no processo de combate à inflação travado pelo Brasil desde os anos 1980. No próximo ano, a meta será de 3%, com flexibilidade de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Pelo histórico da economia brasileira, controlar a inflação permanece como um desafio que não pode ser subestimado. Nesse processo, é preciso alinhar todos os Poderes, além do Banco Central, com os interesses da sociedade.

Opinião por Luiz Carlos Trabuco Cappi

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.