O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Mercosul irá preparar uma contraproposta em reação à carta adicional da União Europeia para a formalização do acordo comercial com o Mercosul em prol de uma política de “ganha-ganha” aos blocos. O presidente classificou o documento do bloco europeu como “inaceitável”, mas renovou sua promessa de fechar o acordo ainda neste ano.
O documento europeu tornou-se o novo entrave para o tratado, ao tentar permitir sanções a membros do Mercosul por questões ambientais. O tema foi falado por Lula durante transmissão ao vivo nas redes sociais intitulada “Conversa com o presidente”, uma entrevista da EBC com o chefe do Executivo, nesta terça-feira, 4.
“Eles (União Europeia) mandaram uma carta para nós impondo algumas condições e nós não aceitamos a carta, então estamos preparando uma outra resposta”, contou o presidente, na expectativa da formalização do acordo. “Queremos fazer uma política de ganha-ganha, não queremos fazer uma política que eles ganham e a gente perde”, destacou.
Um dos pontos de divergência reiterado por Lula é sobre as compras governamentais. Enquanto o petista não quer abrir mão de manter as compras do governo de empresas nacionais, os europeus querem vender ao Executivo brasileiro. “Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar de empresas estrangeiras, a gente simplesmente vai matar pequenas e médias empresas brasileiras”, justificou.
“Não queremos imposição para cima de nós, é um acordo de companheiros, parceiros estratégicos, então nada de um parceiro estratégico colocar espada na cabeça do outro”, disse. “Vamos sentar, tirar nossas diferenças”, acrescentou.
No tema, Lula disse que “ninguém no mundo tem autoridade moral” de discutir com o Brasil sobre energia limpa. “Acontece que os países ricos não cumprem nenhum dos acordos”, criticou, acrescentando que não vão cumprir o Acordo de Paris, que trata sobre mudanças climáticas.
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O presidente pontuou que o País teve a “grosseria de um governo” que desrespeitava terras indígenas e reservas florestais, mas garantiu que “isso acabou” e reassumiu o compromisso de desmatamento zero em 2030. Apesar da fala, o presidente não citou nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Nós não queremos que a floresta seja transformada em um santuário da humanidade, o que queremos é explorar a riqueza da biodiversidade da floresta para ver o que se pode fazer na indústria de fármacos, cosméticos, para gerar emprego mais qualificado às pessoas que moram nessa região”, disse.
Nesta manhã, o Brasil irá assumir a presidência rotativa do Mercosul. O chefe do Executivo brasileiro disse que quer fazer uma gestão “exemplar”. Na agenda na Argentina, o presidente também irá anunciar a retomada das obras do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
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