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Agronegócio não teria o tamanho que tem sem o dinheiro do Estado, diz Lula

Em evento na Bahia, petista afirmou ter telefonado ao presidente chinês, Xi Jinping, para tentar destravar 70 mil toneladas de carne brasileira fora do prazo atualmente retidas em contêineres no país asiático

BRASÍLIA E LUÍS EDUARDO MAGALHÃES (BA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 6, que o agronegócio brasileiro — pequeno, médio e grande — precisa da ajuda do Estado para manter suas atividades.

Em discurso na Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães (BA), ele defendeu as políticas do PT para o setor em comparação com a adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tinha melhor interlocução com o agro.

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“Se não é o Estado colocar o dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está para financiar máquinas, safra e garantir exportações”, disse o presidente no evento. Segundo ele, é “mentira” dizer que os produtores do setor não precisam do governo.

“Quem é do agro sabe como foi o Plano Safra no ano passado, talvez o pior Plano Safra da história do agronegócio”, criticou, em referência à política bolsonarista.

Crítico do atual nível da Selic, hoje em 13,75%, Lula criticou os juros cobrados do setor agro. “Quem é da agricultura sabe o que aconteceu no tempo em que o PT governava este País. Vocês compravam essas máquinas que parecem coisa de outro mundo pagando 2% de juro ao ano. Hoje, vocês estão pagando 18, 19% ao ano”, declarou o presidente.

Lula defendeu políticas dos governos petistas para o agronegócio e criticou o Plano Safra de 2022 Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

“Está praticamente impossível as pessoas comprarem e nós entendemos que é obrigação do Estado criar as condições e ajudar”, completou, ao lado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Rivalidade

Lula classificou como uma “polêmica maluca” uma suposta rivalidade entre o pequeno produtor e o agronegócio, o que para o petista não existe. “São duas coisas totalmente necessárias ao País; não há rivalidade. Não há por que ter preconceito do grande com o pequeno, ou do pequeno contra o grande. O Brasil precisa dos dois”, declarou.

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A declaração ocorre em meio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso que trata do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ligado ao PT e crítico dos grandes produtores.

“Temos de valorizar os dois. Quando a agricultura vai bem, a indústria de máquinas vai bem”, afirmou o presidente. Ele lembrou que, em 2008, em seu segundo mandato, foram mais de 80 mil tratores de 80 cavalos vendidos para o setor agro.

Ele voltou a dizer que o governo será rigoroso em punir o desmatamento ilegal. “Quem agir como bandido e desmatar vai sofrer as penas da lei”, afirmou o presidente, para quem “nenhuma pessoa honesta” pode derrubar floresta para plantar.

“Temos 30 milhões de pastos para recuperar”, disse o petista, reiterando que suas falas não miram os produtores rurais comprometidos com o meio ambiente.

Exportações retidas

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No discurso, o presidente relatou ter telefonado ao presidente da China, Xi Jinping, e pedido a liberação de produtos exportados fora do prazo ao país asiático. Lula se envolveu pessoalmente para tentar destravar 70 mil toneladas de carne brasileira atualmente retidas em contêineres na China.

“(O produtor) tem direito de ganhar o dinheiro pelo produto que produziu”, declarou o petista no evento. “Se Deus quiser, essas pessoas (produtores) vão poder receber o dinheiro que merecem. Não precisa nem me falar obrigado. É só continuar produzindo para poder baratear preço da carne, porque o povo está querendo comer picanha”, acrescentou, garantindo que tomou a iniciativa de ligar para Xi Jinping sem saber se o produtor de carne votou nele ou não.

A uma plateia do setor agro, em termos gerais mais alinhada ao bolsonarismo, Lula ressaltou que o Brasil precisa da agricultura tanto quanto precisa da indústria.

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“Não tem rivalidade entre exportar produto manufaturado ou commodities”, afirmou. “É bobagem dizer que a soja não é alimento. Porque a galinha que a gente come tem soja”, seguiu, em novo aceno ao agronegócio.

*A jornalista Isadora Duarte viaja a convite da Aiba

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