Em meio a quedas de Bolsa e a altas do dólar, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a minimizar o fato e disse não haver nenhuma razão para medo ou para flutuação na Bolsa na sua gestão. “Ninguém tem autoridade para falar de política fiscal comigo”, disse o petista, destacando que, durante seu tempo no Executivo, o Brasil teria sido o único país do G20 que fez superávit primário.
“Eu fico às vezes chateado quando eu vejo sinais de ‘olha, qual é a política fiscal’”, criticou, durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro português António Costa, em Lisboa. Entre outras promessas, como o aumento do salário mínimo e a geração de emprego, o presidente eleito afirmou que o País voltará a ser responsável do ponto de vista fiscal “sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”, disse.
“Não há nenhuma razão desse medo, não há nenhuma razão para essa flutuação da Bolsa, é importante apenas que a gente tome cuidado para não ser vítima da especulação”, afirmou o petista, no dia seguinte à publicação de carta dos economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, que apoiaram a candidatura do presidente eleito e alertam agora para a necessidade de responsabilidade fiscal ao próximo governo, em meio às negociações sobre a PEC da Transição.
Lula destacou que aprendeu com sua mãe que só se pode gastar o que se tem, “mas se a gente tiver que fazer uma dívida para construir um ativo novo, que a gente faça com responsabilidade para que o País volte a crescer”.
Carta de economistas
O petista também comentou sobre a carta elaborada por Fraga, Bacha e Malan, que rebatem críticas do petista ao teto de gastos e ao mercado financeiro.
“Eu ainda não li a carta, mas fiquei feliz quando companheiros me ligaram dizendo que tinham lido uma carta de pessoas importantes, inclusive ex-ministros, me alertando dos problemas econômicos e aconselhando. Eu sou um cara muito humilde e eu gosto de conselho, e se o conselho for bom, você pode ter certeza que eu sigo”, disse o petista.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.