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Lula diz que ‘não é possível’ desvincular BPC e pensões do salário mínimo: ‘Não considero gasto’

Questionado sobre a possibilidade de cortar despesas no Orçamento e quais, presidente diz que governo ainda analisa se será necessário

Foto do author Victor Ohana
Foto do author Sofia  Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não é possível desvincular o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a pessoas idosas e de baixa renda com deficiência, e as pensões da política de valorização do salário mínimo

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“Não é (possível), porque não considero isso gasto, gente”, respondeu, ao ser questionado em entrevista ao portal UOL. “A palavra salário mínimo é o mínimo que a pessoa precisa para sobreviver.”

Lula prosseguiu: “Se eu acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado, cara. Eu não vou para o céu. Eu ficaria no purgatório”.

Questionado sobre a possibilidade de cortar gastos e quais, Lula disse que o governo ainda analisa se eles serão necessários. Foto: Wilton Junior/Estadão

Como mostrou o Estadão, de olho na forte expansão de despesas previdenciárias e assistenciais, que vêm pressionando o Orçamento, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) prevê realizar até 800 mil perícias presenciais do BPC e do Benefício por Incapacidade Temporária, o antigo auxílio-doença, até dezembro.

Sem revisão de despesas, como mostrou a reportagem, o governo projeta aumento nos gastos com BPC de R$ 99,2 bilhões neste ano para R$ 154 bilhões em 2028, com a entrada de 1,3 milhão de novos beneficiários. Hoje, o programa atende 6 milhões de pessoas.

Questionado sobre a possibilidade de cortar gastos e quais, Lula disse que o governo ainda analisa se será necessário. A pressão sobre a gestão Lula para corte de gastos públicos e o debate a respeito da sustentabilidade de despesas com benefícios previdenciários e assistenciais ganharam força nas últimas semanas após os sinais de esgotamento das medidas arrecadatórias dentro do Congresso Nacional.

O presidente afirmou que não quer que empresários tenham prejuízos, mas criticou a “Faria Lima” e defendeu “repartir o pão de cada dia em igualdade de condições”.

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“O mercado está sempre trabalhando para não dar certo, torcendo para as coisas serem piores”, afirmou. “As pessoas da Faria Lima pensam no lucro, e o Brasil precisa ter alguém que pensa no povo.”

Lula também citou o fundador da Ford, Henry Ford, como exemplo de empresário. “Eu quero que o empresário tenha lucro, mas quero que ele tenha a cabeça como teve o Henry Ford, quando disse: eu quero que meus trabalhadores ganhem bem para eles poderem comprar os produtos que eles fabricam”, disse.

O presidente também citou o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, como “altamente preparado”, mas evitou dizer que indicará o economista para a presidência da instituição.

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