BRASÍLIA E NOVA YORK - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira, 25, que chamou as agências de classificação de risco para reuniões em Nova York para dizer pessoalmente sobre a situação do Brasil. Ele teve encontros com representantes das três maiores classificadoras do mundo, S&P Global Ratings, Moody’s e Fitch Ratings, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Eu chamei as agências de rating pelo seguinte: é importante que as agências saibam da boca do presidente da República o que está acontecendo naquele País”, disse. “Não precisa ouvir só a Faria Lima. Não precisa ouvir só os empresários. Ouça os trabalhadores e ouça o presidente da República”, emendou. A fala foi em Nova York, em entrevista a jornalistas antes de retornar ao Brasil após participar da Assembleia-Geral da ONU.
Lula disse que as agências de risco têm sido “decentes” e têm escutado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes do Tesouro.
Atualmente, o Brasil está a dois níveis de distância de recuperar o selo de bom pagador nas três maiores classificadoras do mundo. Pela Moody’s, o rating do País é o Ba2, e a perspectiva da nota foi melhorada de estável para positiva neste ano. Já pela S&P, o Brasil tem BB, com perspectiva estável. Além delas, a Fitch Ratings reafirmou a classificação do Brasil em BB, com perspectiva estável, em junho último.
Em Nova York, Haddad afirmou, a jornalistas, que espera que no próximo ano o Brasil consiga subir mais um degrau em uma ou duas agências de rating. “E disse ao presidente que é muito desafiador conseguir mais um degrau até 2026. Mas nós vamos trabalhar. Não tem muito cabimento o Brasil não ter grau de investimento”, afirmou.
Lula voltou a dizer que a economia do Brasil está surpreendendo positivamente tanto o mercado brasileiro quanto estrangeiro.
Lula disse que teve reuniões com empresários em Nova York, incluindo um encontro organizado por meio do presidente da Fiesp, Josué Gomes. Também encontrou representantes de agências de classificação de risco.
“São pessoas que querem fazer investimento no Brasil, são pessoas que estão trabalhando no sentido de fazer investimentos, são pessoas que estão acreditando que as coisas agora estão dando certo. E, como eu sou um presidente de muita sorte, eu estou dizendo para as pessoas: ‘Aproveitem’. Tenho tanta sorte que o Corinthians começou a ganhar”, disse o petista.
“Acho que a economia brasileira está surpreendendo positivamente, essa é a maior sorte que eu tenho”, declarou. Lula costuma dizer que tem sorte para ironizar adversários que atribuem ao acaso melhoras na economia brasileira.
O petista afirmou que seu governo quer levar o Brasil para um padrão de vida “respeitável”, e que o País está dando uma chance a si mesmo. O presidente afirmou que nenhum outro país do mundo tem condições para ser “exemplo” na transição para a energia limpa. “O Brasil tem uma chance que a gente não vai jogar fora, e eu sempre que tenho oportunidade nesses fóruns internacionais faço questão de dizer o que a gente quer fazer”, declarou ele.
‘Pobre no Orçamento’
O presidente afirmou ainda que os governantes precisam “colocar o pobre no Orçamento” de cada país. O petista contou que todos os chefes de Estado com quem conversou aceitaram participar da Aliança Global contra a Fome, mas pontuou que não tem como “obrigar” os países a contribuir no debate.
“Para a minha alegria, a Aliança Global contra a Fome tem sido um sucesso e, até agora, todos os países que nós temos conversado têm tido posição extraordinária de aceitar participar”, disse.
Lula afirmou, porém, que não tem como obrigar os países a contribuírem para aliança e doar recursos. “O que o Brasil pode dar no G20 é mostrar os eventos de política bem-sucedida no Brasil e também estudar outras políticas bem-sucedidas em outros países”, comentou.
“A única possibilidade que a gente tem de cumprir essa meta é a gente colocar o povo pobre no Orçamento de cada país. Não é fazer quando puder, quando sobrar dinheiro, é fazer de forma prioritária”, acrescentou. Segundo o petista, o mundo já produz alimento suficiente para acabar com a fome.
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