Lula diz que França ‘não apita mais nada’ e que quer fechar acordo com União Europeia este ano

Presidente disse que o comércio internacional é uma guerra e que espera que o agronegócio brasileiro cause raiva em políticos franceses

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Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 27, querer fechar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia ainda este ano e que a posição contrária da França não será determinante para inviabilizar a assinatura. “Se a França não quiser, eles não apitam mais nada”, afirmou o presidente, no Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Segundo ele, quem “apita” nessa questão é a Comissão Europeia.

Lula disse que o comércio internacional é uma guerra, e que quer que o agronegócio brasileiro cause raiva em políticos franceses. Ele deu a declaração em um contexto de tensão entre os produtores de carne do Brasil e o Carrefour. O presidente da rede francesa, Alexandre Bompard, disse dias atrás que deixaria de vender carne do Mercosul no país europeu. “Nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”, chegou a dizer o deputado da UDR, de direita, Vincent Trébuchet. O CEO do Carrefour, posteriormente, pediu desculpas.

Lula na abertura do encontro nacional da indústria (ENAI), em Brasília  Foto: Wilton Junior/Estadão

O caso mobilizou o agronegócio e o governo brasileiro em uma rara convergência entre Lula e o setor. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros”, afirmou o presidente. “Comércio é uma guerra.”

Novos mercados

Lula disse também que o Brasil precisa avançar em parcerias comerciais com novos países, superando a dependência de acordos apenas com os países ricos. “O Brasil não precisa ficar preso à sua história, aos países que nos colonizaram. Comércio é guerra”, disse Lula.

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Para uma plateia de empresários, o presidente disse que o governo manterá empenho para novos acordos comerciais. “Quero fazer reuniões com a Índia. Em março iremos para o Japão. Depois vamos para o Vietnã”, afirmou.

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Ao cobrar a priorização dos interesses brasileiros, Lula disse que as relações comerciais não devem observar determinados fatores políticos. “Não quero brigar com os EUA, não quero saber se presidente é Biden ou Trump. Temos nossos interesses, eles têm os deles. Nossos interesses têm que convergir”, afirmou.

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