Lula diz que Haddad não foi indicado para agradar a ‘Faria Lima’ e que mercado nunca gostou do PT

Em entrevista, presidente voltou a criticar Campos Neto por manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano

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Foto do author Iander Porcella

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 13, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não foi indicado para agradar a “Faria Lima” e disse que o mercado financeiro “nunca gostou e nunca votou” no PT. Ele também voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Com todo respeito que posso ter ao chamado mercado financeiro, esse povo nunca gostou do PT, nunca votou no PT, nunca gostou do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad. O Haddad não foi indicado para eles, foi indicado para tentar resolver a vida do povo pobre deste País”, disse Lula em entrevista à RecordTV.

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A proporção do mercado financeiro que avalia positivamente o governo saltou de 2% em maio para 20% em julho, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira, 12. No período, a avaliação negativa sobre o governo caiu de 86% para 44%, e a avaliação regular subiu de 12% para 36%.

A mudança foi mais evidente na avaliação positiva sobre o trabalho de Haddad, que disparou de 26% em maio para 65% em julho. A pesquisa também apontou que 95% dos entrevistados avaliam Lula como pouco ou nada confiável.

Lula ao lado de Haddad; aprovação do ministro subiu entre administradoras do mercado financeiro Foto: Adriano Machado / Reuters

Na entrevista, o presidente questionou novamente a atual taxa básica de juros, de 13,75%, e disse que a “Faria Lima” apoia a política monetária comandada por Campos Neto no Banco Central, para fazer “especulação”. “Os interesses da Faria Lima são outros (não os de Haddad), inclusive de manter os juros, a taxa de 13,75%, porque eles que ganham com a especulação, o pobre não ganha com isso.”

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O presidente disse que Campos Neto tem função de “gerar empregos e fazer a economia crescer” e voltou a questionar os objetivos do presidente do BC, a quem se referiu, novamente, como “esse cidadão”.

“A função dele não é só atingir a meta de inflação que ele estabeleceu. A função dele também é gerar empregos e fazer a economia crescer. Ele tem responsabilidade de olhar a política monetária por vários vieses. Ele não pode apenas achar que é preciso aumentar os juros”, defendeu.

“Esse cidadão está a serviço de quem e fazendo o quê? O Brasil está precisando soltar a rédea para começar a crescer. Só o crescimento vai fazer com que tenha distribuição de riqueza”, afirmou.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no final de junho, deixou mais claro que há uma “porta aberta” para o início da queda dos juros em agosto. Segundo o texto, a maior parte dos oito membros que participaram da reunião avalia que a “continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

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