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Lula chama de ‘ameaça’ carta da UE ao Mercosul em discurso ao lado de Macron

Presidente brasileiro reclamou de carta divulgada pelos europeus prevendo punições ao Brasil em caso de descumprimento de metas relativas a desmatamento

Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

PARIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 23, que tem intenção de fechar o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia, mas que as exigências ambientais impedem.

“Estou doido para fazer o acordo com a União Europeia, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo. Não é possível a gente ter uma parceria estratégica e fazer uma carta fazendo ameaça a um parceiro estratégico”, disse Lula, ao discursar na cúpula do Novo Pacto Financeiro Global.

Emmanuel Macron (E), Lula, Janja e Brigitte Macron em encontro em Paris  Foto: Yoan Valat/EFE/EPA

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Na França, diante do presidente Emmanuel Macron e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, Lula voltou a externar a posição que o governo brasileiro adotou em maio, de rejeitar a carta adicional por meio da qual os europeus apresentaram condicionantes à assinatura e posterior ratificação do acordo.

Lula também pretende discutir as resistências do agro francês com Macron, em almoço de trabalho no Palácio Eliseu. O presidente francês sofre pressão interna e o parlamento da França aprovou moção de veto ao acordo.

Segundo o governo brasileiro, essa carta (side letter, no jargão diplomático) torna obrigatórias metas que o Brasil instituiu voluntariamente no Acordo de Paris - e ainda prevê punições em caso de descumprimento.

O texto está alinhado com a nova lei antidesmatamento adotada nos 27 países - ela determina o banimento de produtos que tenham sido produzidos em área desmatada de 2021 em diante. Lula já havia dito que essa lei tornava o acordo desequilibrado. Ele já havia reclamado da desconfiança diretamente à presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen.

O Brasil ainda articula com os sócios do Mercosul uma resposta conjunta, mas já rechaçou adotar a proposta da UE. Desde a apresentação dos termos europeus, o acordo emperrou e se acirraram as divergências de lado a lado.

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