BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar, nesta sexta-feira, 21, a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 10,50%, ao dizer que a medida ocorreu “sem critério”.
As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Meio, do Piauí. Na ocasião, Lula fazia comparações do seu mandato com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sustentou que o atual governo realiza mais investimentos que o antecessor. O presidente chegou a dizer que não está preocupado com pesquisas de opinião.
Em seguida, o presidente mencionou a decisão do Banco Central e criticou o sistema financeiro brasileiro.
“Temos consciência de que as coisas estão acontecendo”, disse Lula, em defesa das ações do seu governo. “A Caixa Econômica e o Banco do Brasil, sozinhos, têm mais créditos disponibilizados hoje do que os outros três bancos grandes. Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo.”
Lula acrescentou: “Ele (o sistema financeiro brasileiro) está interessado em especular. É por isso que a taxa de juros fica a 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério”.
Na quinta-feira, 20, Lula já havia dito que a decisão do Banco Central “foi uma pena” e que “quem perde é o povo brasileiro”.
Depois de sete quedas seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu, em decisão unânime, o ciclo de cortes da taxa básica de juros, iniciado em agosto do ano passado, e manteve a Selic em 10,50% ao ano. O resultado, divulgado na quarta-feira, 19, era amplamente esperado pelo mercado, em meio ao impasse do governo na condução da política fiscal e ao aumento das expectativas de inflação.
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Mais do que o resultado, a grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar da decisão, sobretudo após Lula ter retomado a ofensiva contra o BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A votação unânime agrada o mercado, depois da forte divisão da reunião de maio.
Ao comunicar a decisão de interromper as quedas nos juros, o Copom declarou que os juros terão de continuar em nível restritivo “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
O comitê também pregou “serenidade e moderação na condução da política monetária”. A decisão ocorreu de forma unânime.
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