A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, se mostrou favorável à isonomia de tributação entre varejistas nacionais e plataformas digitais de importação às pessoas físicas.
Em conversa com empresários, ela disse que o que se escuta nos bastidores é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria medo de estabelecer o tributo de importação sobre as plataformas estrangeiras em virtude da decisão ser impopular. Em suas palavras, por isso, o próprio presidente pede a membros do partido que se posicionem de maneira contrária, segundo o que ela tem ouvido.
“Dizem que Lula tem medo da opinião pública (ao taxar importados)”, afirmou, em defesa da isonomia entre os varejistas nacionais e as plataformas. Ou seja, ou todas isentas de impostos, ou todas pagando as mesmas alíquotas.
Segundo ela, caso seja mantida a isenção de importações de até US$ 50, os varejistas brasileiros deveriam também ser beneficiados.
O assunto voltou à tona em razão do Projeto de Lei do deputado Atila Lira (PP-PI), cujo texto cria o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e pede isonomia tributária entre a taxação sobre produtos brasileiros e os importados. O PL alteraria, portanto, as regras do programa Remessa Conforme, que isenta do imposto de importação os pacotes de até US$ 50.
Sobre o momento de sua empresa, que já esteve mais bem posicionada na B3, ela disse que a companhia já se acostumou com altos e baixos da economia brasileira e que, na história recente, o que atrapalhou foram as altas taxas de juros.
Contas do governo
Trajano afirmou ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abriu as contas do governo e disse não estar “gastando tudo isso que dizem”, ao ser questionada a respeito de sua opinião sobre a política fiscal do País. Sobre a condução do governo em relação às contas públicas, ela disse que o presidente Lula “está tentando”.
Ela disse que acreditava que, de março a abril, deveria ter sido comunicado pelo Banco Central uma redução maior da taxa Selic. Sobre a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) que determinou corte de 0,25 ponto porcentual na semana passada, a executiva avalia que o melhor seria um corte de 0,5 ponto.
“A cada meio ponto, já mexe muito com a economia”, disse ela, que considera importante o controle da inflação que, hoje, contudo, na sua opinião, não sobe por demanda aquecida e falta de produtos. Ela acredita que o não estímulo ao consumo hoje também inibe o aumento de receitas do País.
Trajano também afirmou que se identifica com as propostas sociais do governo, especialmente as que são voltadas às mulheres. Mas deixou claro que não tem, nem planeja ter filiação a nenhum partido político e seguir comprometida com as pautas do Grupo Mulheres do Brasil.
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