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Lula diz que Vale está ‘enrolando’ a população de Mariana e Brumadinho

Em viagem a Minas Gerais, presidente diz estar ‘pré-disposto’ a negociar com a mineradora a ‘dívida com o povo’ relativa às reparações pelos desastres em barragens

Foto do author Victor Ohana
Foto do author Sofia  Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está “pré-disposto” a negociar com a mineradora Vale a “dívida com o povo” e acusou a empresa de estar ‘enrolando’ a população de Mariana e de Brumadinho, cidades mineiras à espera de reparações por desastres em barragens ocorridos em 2015 e 2019. “A Vale, vamos ser franco, está enrolando o povo de Mariana e Brumadinho. Faz sete anos”, disse nesta sexta-feira, 28, em entrevista à Rádio FM O Tempo, em Minas Gerais, onde na véspera começou um roteiro de viagens.

“Estou pré-disposto a negociar a dívida da Vale, não com Minas Gerais, a dívida da Vale com o povo da região que foi solapada pelas barragens de Mariana e Brumadinho”, disse Lula. “Aquele povo tem que receber as suas casas. Aquele povo tem que receber indenização. O rio tem que ser recuperado.”

Declarações de Lula ocorrem dias depois de ter falado que Vale foi 'rifada' no processo de privatização e que não era possível dialogar com a empresa Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

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Na sequência, Lula disse que a Vale está com dinheiro aplicado, mas não realiza pagamentos de indenização aos atingidos. “E a Vale está lá, com o dinheiro aplicado, sem querer pagar. Nós vamos fazer acordo para que a Vale pague essa dívida e a gente zere os nossos problemas em Minas Gerais”, declarou.

O presidente disse que, na quinta-feira, 27, cobrou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre o acordo com a empresa a respeito das tragédias de Mariana, ocorrida em 5 de novembro de 2015, e de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Conforme Lula, Silveira contou que o acordo com a Vale está “90% resolvido” e que, em até 15 dias, irá lhe apresentar a proposta para, então, o presidente bater o martelo.

Embate com a Vale

As declarações ocorrem nove dias depois de Lula ter dito que a Vale foi “rifada” no processo de privatização e ter alegado não ser possível dialogar com a empresa. Ao acompanhar a cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no Rio de Janeiro, no dia 19, ele afirmou: “Poderíamos ter aqui, do nosso lado, a Vale, que foi privatizada e rifada por 899 mil pequenos fundos, e que você não tem um dono para conversar, para discutir. Desde Mariana e Brumadinho até hoje não foi paga a indenização”.

Em janeiro, Lula recuou de uma tentativa de colocar Guido Mantega na presidência da Vale. À época, a informação de que o ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff poderia ocupar um papel de destaque no comando da empresa afetou o desempenho das ações da Vale e “amedrontou” acionistas independentes e estrangeiros, segundo a visão de um auxiliar do presidente, inviabilizando a operação ensaiada pelo governo.

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