PARAUAPEBAS (PA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira, 14, que, se depender do governo, a Vale será uma das maiores mineradoras do mundo. Ele deu a declaração em solenidade da empresa para anúncio do programa Novo Carajás, em Parauapebas (PA), com investimentos de R$ 70 bilhões.
Lula se dirigiu ao CEO da Vale, Gustavo Pimenta, ao falar sobre o tema. “Me ajude, Pimenta, a fazer com que a Vale volte a ser a primeira empresa do mundo em mineração de ferro, mineração de minerais críticos, em mineração do que quiser. E sobretudo, a primeira do mundo no tratamento respeitoso ao povo que trabalha com vocês”, disse o petista.
Além de Lula, participaram do evento o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o governador do Pará, Helder Barbalho.

O presidente da República está se reaproximando da Vale. Disse que a gestão de Pimenta é uma oportunidade para reverter uma separação entre os interesses da empresa e do Estado brasileiro. “O Estado também tem interesse que a Vale cresça”, disse Lula. Segundo o petista, houve um “fio desencapado” entre a companhia e alguns governos, mas que em sua gestão não haverá mais ruídos nessa relação.
No ano passado, o governo Lula tentou interferir no processo de sucessão da companhia, ao tentar emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Lula afirmou que a Vale hoje é a décima quarta mineradora do mundo e que “não estaria nem na série C” se fosse em um campeonato de futebol. Ele afirmou que quer a empresa na série A e no primeiro lugar da mineração.
Também disse que a companhia, assim como as pessoas das cidades mineiras de Brumadinho e Mariana, não merecia o colapso das barragens. “Espero que a Vale faça de tudo para não ter mais desmoronamento sequer de uma pedra”, declarou o chefe do governo federal.
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O petista disse que conheceu a Vale antes da privatização, e que é mais difícil ter relações com uma corporation porque “cachorro com muito dono morre de fome”. Ele afirmou que a companhia deve distribuir dividendos, mas também fazer investimento. Mencionou a necessidade de um plano para transição energética.
“A Vale é uma das empresas que sempre foi motivo de orgulho nesse país. A Vale sempre esteve ligada à imagem de sucesso empresarial nesse país. Tal como a Vale, a Embraer é uma empresa que sempre esteve ligada ao sucesso do Brasil. Tal como é nossa querida Petrobras, a cara mais forte da empresa nacional”, disse Lula.
‘Vemos agenda convergente’, diz CEO da Vale
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, defendeu que a mineradora tem objetivos convergentes com o País. “A gente tem muita oportunidade de investimento no país e vê uma agenda muito convergente.”
Questionado sobre o pedido de Lula, de que a companhia retomasse sua posição de liderança global, Pimenta lembrou que em 2010 a Vale ocupava a segunda posição no mercado global de minério de ferro. “Hoje, estamos em 14º, mas estou otimista de que vamos retomar a posição.”
Por sua vez, Barbalho cobrou da Vale a execução de uma obra ferroviária, um trecho de 480 quilômetros ligando Açailândia (MA) a Bacarena (PA), parte da expansão da Ferrovia Norte-Sul, considerado um eixo estratégico para a logística e o escoamento de cargas na região. “Não temos estudo, no momento.”
O executivo frisou que sua gestão à frente da mineradora, iniciada em 1º de outubro de 2024, está acelerando agendas como a expansão da produção de cobre. O Novo Carajás aponta para ampliação de 32% na produção do metal crítico, essencial para a transição energética. A Vale também produz cobre em ativos no Canadá, que não estão contemplados no anúncio desta sexta-feira.
Em relação a outro metal crítico, o níquel, que a Vale produz no Brasil e no Canadá, o executivo reconheceu que o excesso de oferta vem pressionando as margens. “Mas temos uma matriz muito competitiva”, destacou.
Indagado sobre a possibilidade de retrocessos no movimento global e descarbonização, devido ao retorno de Donald Trump à Casa Branca, o CEO da Vale opinou que a onda de descarbonização já avançou. “Não acho que vamos retrair nesse movimento.”
*A repórter Juliana Garçon viajou a convite da Vale