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Lula deve vetar até R$ 5,5 bilhões em emendas de comissão no Orçamento de 2024

Congresso previu R$ 16,6 bilhões para esse tipo de emenda parlamentar, que herdou o ‘espólio’ do Orçamento Secreto; fontes da equipe econômica dizem que montante ficou acima do combinado

Foto do author Bianca Lima
Foto do author Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve vetar até R$ 5,5 bilhões em emendas parlamentares de comissão, segundo apurou o Estadão. As equipes técnicas estão debruçadas sobre as contas do Orçamento de 2024, cujo prazo de sanção se encerra nesta segunda-feira, 22. Até lá, o valor do veto pode sofrer ajustes, mas, por enquanto, essa é a cifra na mesa.

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Interlocutores da equipe econômica afirmam que o valor aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA) nessas emendas (R$ 16,6 bilhões) foi muito superior ao que havia sido acordado pelo governo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Os relatores setoriais, durante a tramitação do texto, inflaram os montantes referentes às suas comissões, alegam fontes do governo. Por isso, o veto será necessário para recompor políticas públicas que tiveram as contas desidratadas.

Orçamento aprovado pelo Congresso prevê R$ 16,6 bilhões para as emendas de comissão Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Inicialmente, as emendas de comissão haviam sido negociadas em R$ 11,3 bilhões, valor que cresceu quase 50% durante a tramitação da LOA. Com o veto, o governo entende que recolocará nos trilhos o valor negociado.

As emendas de comissão são consideradas as “herdeiras” do chamado Orçamento Secreto, extinto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022, porque também seguem a lógica de distribuição segundo os interesses das cúpulas da Câmara e do Senado.

Prova disso é que as comissões vinculadas a ministérios liderados por partidos próximos a Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) receberam mais verbas na divisão de recursos durante a discussão do Orçamento no Congresso. Além disso, não há critérios objetivos que justifiquem os montantes atribuídos a cada uma das comissões, mesmo problema verificado Orçamento Secreto e que levou à sua condenação pelo Judiciário.

O veto de Lula, no entanto, tende a ter efeitos negativos no Congresso. Isso porque o presidente já vetou, no início deste mês, o calendário para o pagamento das emendas criado pelo Congresso e que determinava que todo o valor das emendas impositivas (de execução obrigatória) fosse empenhado no primeiro semestre de 2024.

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A alegação do Palácio do Planalto é que a imposição de um calendário interfere nas atribuições do governo na execução do Orçamento.

Lula também vetou a criação de um piso para essas emendas, de 0,9% da receita corrente líquida, o que em 2024 resultaria em R$ 11,3 bilhões. Mas, ainda que não tenha aceitado a indexação, o governo acatou o valor imposto pelo Parlamento neste ano.

Com a decisão de cortar o valor de emendas, o governo também busca evitar uma eventual nova desidratação no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

No primeiro relatório da LOA, apresentado pelo deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), o programa sofreria um corte de R$ 17 bilhões. Após uma negociação capitaneada pelo governo, que reduziu a projeção de gastos na Previdência, em razão de uma inflação mais baixa do que o esperado, o governo diminuiu a tesourada para R$ 6,3 bilhões. O programa é um das vitrines políticas do governo do presidente Lula, sobretudo em ano de eleição municipal.

Todo esse debate orçamentário ocorre em meio a um forte crescimento das despesas obrigatórias e a incertezas cada vez maiores em relação ao potencial da arrecadação das medidas apresentadas pelo ministro Haddad no ano passado. Além disso, o governo ainda terá de lidar com um espaço para despesas R$ 4,4 bilhões menor do que o projetado, devido à inflação abaixo do esperado.

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