RIO - Em uma rápida votação que teve um voto contra e uma abstenção de acionistas minoritários, Magda Chambriard foi eleita presidente da Petrobras nesta sexta-feira, 24. A entrada da executiva encerra mais um processo de sucessão no comando que derrubou o valor de mercado da petroleira. Magda é a oitava presidente da companhia em oito anos. Uma rotatividade avaliada por analistas como reflexo da interferência política na estatal.
Magda chega à estatal com a missão de acelerar os investimentos da companhia a pedido do Planalto, e terá que enfrentar logo na primeira semana a cobrança de petroleiros sobre questões internas da companhia. Empregados da estatal associados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovaram nesta semana estado de greve. A entidade prepara um ato no próximo dia 29, em frente à sede, no Rio de Janeiro, além de paralisações nas bases operacionais e demais bases administrativas da estatal e subsidiárias.
Segundo o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, a categoria quer soluções de problemas estruturantes do plano de previdência e do plano de saúde, além de outros temas, como o novo plano de cargos e salários e reposição de efetivo. “Esperamos que a nova gestão da companhia preze pelo respeito e bom relacionamento com o movimento sindical e os trabalhadores”, afirmou em nota.
Ficou para Magda também a indigesta decisão sobre a Sete Brasil, empresa de sondas criada em 2010 para atender o pré-sal, mas que acumula dívida de cerca de R$ 20 bilhões, entre outros desafios.
O Estadão/Broadcast apurou que a Sete Brasil chegou a entrar na pauta da reunião desta sexta, mas foi retirada. Com a Petrobras sob nova direção, o conselho decidiu que o tema será novamente encaminhado para a diretoria para que um novo desfecho seja desenhado.
A aprovação de Magda pelo conselho da estatal levou poucos minutos. Com um currículo que atende os requisitos da empresa e grande experiência no setor, já era esperado que não houvesse obstáculos para sua eleição. Segundo fontes, a nova dirigente recebeu apenas um voto contra, do conselheiro representante dos acionistas minoritários de ações ordinárias, Francisco Petros.
A abstenção foi registrada pelo conselheiro Marcelo Gasparino, que já havia aprovado a eleição de Magda na Comitê de Elegibilidade (Celeg) e por isso se absteve, segundo fontes.
Magda é funcionária de carreira da Petrobras e foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Há três anos, atuava como assessora fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Aos 66 anos, a executiva chega ao cargo que sempre ambicionou.
A primeira reunião com a diretoria da empresa será no próximo dia 27, mas ainda não ficou claro se além da demissão do diretor Financeiro e de Relações com os Investidores, Sergio Caetano Leites, outros executivos deixarão o cargo.
De acordo com pessoas a par do assunto, outros diretores podem sair, como o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos Travassos, responsável pelas obras de refinarias e estaleiros.
Aumentar a produção de gás natural no Brasil também está no topo da lista da nova gestora, que foi chamada a contribuir com o projeto do Ministério de Energia “Gás para empregar”.
Também foi prometido ao ministro da pasta, Alexandre Silveira, voltar com força na área de fertilizantes, além de se esforçar para conseguir a licença ambiental de exploração na bacia Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.