PARIS - A ONG Oxfam informou nesta segunda-feira, 25, que as grandes fortunas mundiais saíram ilesas e até reforçadas da pandemia e renovou seu apelo à criação de impostos sobre a riqueza para combater "o vírus das desigualdades".
“Em apenas nove meses, as mil maiores fortunas do mundo já recuperaram as perdas econômicas causadas pela pandemia”, disse a ONG em seu relatório anual sobre desigualdade.
Os mais pobres “precisariam de mais de uma década para se recuperar dos impactos econômicos da crise”, aponta o relatório publicado por ocasião do início do Fórum Econômico Mundial, que este ano é realizado online e não em Davos, na Suíça, como de costume.
Em uma escala global, os bilionários viram suas fortunas aumentar em um volume total de US$ 3,9 trilhões entre 18 de março e 31 de dezembro de 2020, de acordo com a ONG, que se baseia principalmente em dados da Forbes e do Credit Suisse.
Estados Unidos, China e França registram os avanços mais importantes. Os bilionários franceses, por exemplo - entre eles Bernard Arnault, o terceiro mais rico do mundo - “ganharam cerca de 175 bilhões de euros (US$ 213 bilhões) no mesmo período”.
Diante desse aumento das desigualdades, a Oxfam acolhe as propostas dos economistas Thomas Piketty e Gabriel Zucman em favor de um aumento de impostos para os mais ricos.
A crise do coronavírus "deveria significar uma mudança na tributação para os indivíduos e empresas mais ricos. Ela nos oferece a oportunidade de finalmente estabelecer uma tributação justa, acabar com o nivelamento por cima. Isso pode assumir a forma de um aumento da tributação sobre fortuna, imposto sobre transações financeiras e medidas para erradicar a evasão fiscal", indica o relatório.
A ONG cita como exemplo a Argentina, que aprovou em dezembro uma lei que cria um imposto extraordinário sobre grandes fortunas, que pode gerar cerca de US$ 3 bilhões, para financiar o combate aos efeitos do Covid-19.
“A pandemia de covid-19 tem o potencial de aumentar a desigualdade econômica em praticamente todos os países do mundo ao mesmo tempo”, afirma o relatório, que conclui ainda que “a desigualdade está ceifando vidas”.
A ONG diz que no Brasil “afrodescendentes têm 40% mais chances de morrer de covid-19 do que brancos”. Em países como França, Espanha ou Índia, as áreas mais pobres apresentam taxas de mortalidade e contágio mais altas, acrescenta Oxfam.
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