Você sabe o que são Terras raras e por que tem tanta gente graúda atrás delas?
Controle sobre a cadeia de suprimentos de minerais críticos e terras raras tornou-se uma questão estratégica para os EUA
A corrida pela transição energética e por tecnologias mais avançadas, inclusive as de carros elétricos, atraiu a atenção do mundo para os chamados minerais críticos — e, entre eles, as terras raras. Por elas, o presidente dos EUA, Donald Trump, cogita até o uso de força militar, como disse em entrevista à NBC News, no dia 29 de março, sobre os planos de anexar a Groenlândia. Essa riqueza subterrânea não é exclusiva da gigantesca ilha no Ártico. O Brasil tem, conforme o Ministério de Minas e Energia (MME), a terceira maior reserva de terras raras do mundo, além de possuir outros minerais críticos. O Estadão produziu gráficos, incluindo um mapa interativo, para mostrar onde o País abriga explorações e qual é a participação delas nas reservas e na produção mundial.
Os dados têm como base o Guia para o Investidor Estrangeiro em Minerais Críticos para a Transição Energética no Brasil, publicado em março pelo MME. O levantamento destaca 48 projetos em nove Estados de quatro regiões. Eles são mais numerosos em Minas Gerais (13), na Bahia (12) e no Pará (10).
A fatia mais significativa das operações tem como alvo o cobre (13). Esse componente é usado em equipamentos de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, como parques eólicos e solares, além de ser essencial para baterias. Facilita o desenvolvimento de aparelhos mais eficientes energeticamente, desde veículos elétricos até trens de alta velocidade.
Também ganham atenção as buscas por lítio e terras raras (ambos com nove projetos). No mapa abaixo, você pode pesquisar as operações, em território brasileiro, de seis tipos de minerais críticos: cobalto, cobre, grafite, lítio, níquel e terras raras. Cada ponto no mapa indica o município onde está a atividade. Ao clicar nele, você acessa o nome do projeto, a mineradora responsável e o estágio: se pré-operacional, ou em operação.
Para comparação , a China, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), detém 44 milhões de toneladas de metais contidos (Elementos de Terras Raras-ETR). A Groenlândia, conforme o Serviço Geológico da Dinamarca e da Groenlândia (GEUS), responsável por estudar os recursos naturais da Dinamarca e que apresenta dados divergentes em relação aos do USGS, tem 36,1 milhões. O Brasil, 21 milhões.
Se aqui as fontes de terras raras são gigantescas, a extração ainda é minúscula. Conforme o levantamento do MME, que considera as reservas de 2024 e a produção em 2023, o País abriga 19,09% dos recursos mas apenas 0,02% da produção mundial (veja gráficos abaixo).
Em 2022, começou no Brasil uma corrida de empresas por licenças de pesquisa e exploração de áreas minerais espalhadas pelo País. A tendência é de que, como consequência disso, os minerais críticos apresentem um salto de produção nos próximos anos e se tornem cada vez mais relevantes para a economia.
O que são as terras raras?
Os minerais de terras raras são compostos por 17 elementos químicos: cério, disprósio, érbio, escândio, európio, gadolínio, hólmio, itérbio, ítrio, lantânio, lutécio, neodímio, praseodímio, promécio, samário, térbio e túlio.
São utilizados para a produção de componentes elétricos como os de telefones celulares, telas de televisão e ímãs permanentes para turbinas eólicas, entre outros.

Segundo estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem a terceira maior reserva dos elementos de terras raras, com um total de 21 milhões de toneladas. Ela está dividida entre os Estados da Bahia, de Goiás e de Minas Gerais — com projetos mapeados — e também está presente no Amazonas, no Rio de Janeiro, em Roraima e em São Paulo.