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Aluguel residencial nas alturas!

Os valores das novas locações subiram bastante, um fenômeno que retrata não só uma questão de mercado, mas também uma mudança conceitual

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Por Marcio Rachkorsky e RS Serviços; Estadão Blue Studio
Atualização:

O aluguel residencial não para de subir em São Paulo, justamente num momento de deflação e queda dos índices de reajuste, especialmente o IGP-M, chamado de “índice do aluguel”. Aliás, no ano passado, o IGP-M teve variação anual acumulada estratosférica, causando pânico nos inquilinos e reajustes impraticáveis, oportunidade em que as negociações entre proprietários e inquilinos foram intensas e, na maioria dos casos, terminaram em bons acordos.

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Nos últimos meses, porém, sem dar bola para a deflação do IGP-M, o fato é que os valores das novas locações de casas e apartamentos subiram bastante, um fenômeno que retrata não só uma questão de demanda, mercado, oferta e procura, mas também uma mudança conceitual sobre a opção por “morar de aluguel”.

Mas que fenômeno é esse? Ocorre que, até pouco tempo atrás, o inquilino era considerado, por muitos, um cidadão de segunda classe, “aquele que não tinha grana para comprar sua casa própria”! Nas assembleias de condomínio, muitas vezes, sequer podiam participar e manifestar sua opinião. Morar de aluguel era quase um castigo, uma derrota.

Entretanto, hoje em dia, pessoas com plenas condições de comprar um imóvel, preferem morar de aluguel e topam pagar altos valores, quando encontram exatamente o que buscam. Repito: preferem morar de aluguel, ao invés de comprar! Assim, aplicam seu dinheiro, pagam o aluguel com parte dos rendimentos, não imobilizam capital e seguem com liquidez total em seus investimentos. Ademais, podem mudar de país, de cidade ou mesmo de bairro, sem maiores aborrecimentos.

Vale citar alguns fatores que contribuíram para o aumento do aluguel: recomposição dos preços e retomada dos reajustes pós-pandemia; aumento de oferta de imóveis decorados, equipados e com serviços; consolidação das plataformas e aplicativos de locação, com cláusulas de aluguel garantido; maior oferta e procura por imóveis localizados próximos às estações de metrô, corredores de ônibus e vias de grande circulação, especialmente em razão do retorno ao trabalho presencial.

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A locação por hospedagem é também tema importante e polêmico que puxa o valor do aluguel lá pra cima. Bastante lucrativa para proprietários investidores, mas muito combatida pelos proprietários moradores, que sentem o prédio perder sua vocação residencial. Será que o Judiciário entenderá como válidas as assembleias condominiais que proíbem as locações por hospedagem? Será necessário quórum qualificado para tal proibição? O assunto já está nos tribunais superiores em Brasília.

O setor imobiliário e a indústria da construção civil vivem um momento positivo e de euforia e, nos próximos anos, milhares de novos empreendimentos serão erigidos e entregues na cidade e, ao que vejo, boa parte com vocação para locação e serviços. Haverá demanda para tanta oferta? E os jovens farão planos para comprar sua casa própria? Muitos sequer querem dirigir, quanto mais ter um imóvel!

Acompanhemos então as nuances do mercado, que não mais depende apenas da condição econômica das pessoas mas, sobretudo, de suas preferências e comportamentos.

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