BRASÍLIA - O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta terça-feira, 30, que o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento federal anunciado pelo governo federal vai prejudicar as ações dos ministérios, mas reconheceu que o “pacto fiscal” com o mercado precisa ser cumprido.
“Estamos dando freada brusca no Orçamento porque temos pacto fiscal e mercado cobra. Pacto está feito e vamos cumprir”, disse o ministro. “Cortes vão prejudicar bastante as ações dos ministérios, mas é da vida. Você tem pacto com mercado que foi feito, sem entrar no mérito, mas o pacto está feito e tem que ser cumprido”, reforçou. Marinho garantiu que há compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a responsabilidade fiscal.
Nesta terça, será publicado o decreto presidencial em uma edição extra do Diário Oficial da União com detalhes sobre a contenção de despesas anunciada pelo governo para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal.
O documento vai trazer os órgãos afetados tanto pelos bloqueios, que somam R$ 11,2 bilhões e servem para adequação ao limite de despesas, quanto pelo contingenciamento de R$ 3,8 bilhões — esse montante congelado para o cumprimento da meta de primário, cuja projeção atual é de déficit de R$ 28,8 bilhões, no limite inferior.
Salários achatados
Marinho afirmou ainda que os salários no País estão muito “achatados”. Segundo ele, o mercado de trabalho aquecido abre a possibilidade de aumentar as remunerações dos trabalhadores.
“Estamos com salários muito achatados no Brasil. Veja o nível do que estamos falando de salários iniciais, é muito baixo. Mercado de trabalho aquecido pressupõe melhores remunerações também”, disse após divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de junho. O mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 201.705 carteiras assinadas em junho.
Na avaliação de Marinho, o aumento nos salários vai gerar a solução para a economia do País. “Quanto maior a renda do trabalhador, maior a massa salarial. Significa melhorar o nível de consumo das famílias para bens duráveis e, portanto, para indústria produzir mais, e a indústria crescer mais”, afirmou.
Marinho disse ainda que, apesar de os dados mostrarem uma taxa baixa de desemprego, isso não significa que o País atingiu o “pleno emprego”. “Não estamos no pleno emprego ainda”, avaliou.
Segundo ele, a geração de vagas registrada neste ano está dentro do padrão, apesar de ter avaliado que o desempenho poderia ter sido melhor se o Banco Central tivesse reduzido a taxa de juros de uma forma mais acelerada. Ele reiterou que o “centro da meta” é atingir o saldo de 2 milhões de vagas no acumulado do ano.
Marinho voltou a cobrar ainda a redução de juros por parte da autoridade monetária. Ele disse esperar que “colegas” do Banco Central tenham um olhar para o que acontece na economia e no mercado de trabalho.
“Estamos acompanhando, olhando e torcendo para que os eventos não atrapalhem o desempenho do mercado de trabalho. Você tem os nossos colegas que monitoram os juros e mais juros ou menos juros têm influência grande, impacta fortemente no mercado de trabalho, que impacta investimento, crédito, inflação”, avaliou o ministro. Ele reforçou que não há razão para não retomar a redução dos juros.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.