BRASÍLIA - O empresário Mario Garnero está lançando neste sábado, 15, um fundo com recursos de investidores de Abu Dabhi para investir em projetos de infraestrutura, defesa, agroindústria e meio ambiente no Brasil. O patrocinador é o fundo ADIG, de Abu Dabhi, de quem o empresário ficou próximo e aproximou também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em novembro, Lula e o CEO do Abu Dhabi Investment Group, Zayed Bin Aweidha, se reuniram por cerca de 2h30, em Brasília, onde o árabe se comprometeu a investir US$ 100 bilhões no Brasil. Dias antes, Lula se reuniu com o príncipe Sheikh Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan, de Abu Dabhi.

São esses recursos que o Brasilinvest, instrumento de investimentos de Garnero, pretende aportar no Brasil. A gestão do fundo será feita pela gestora americana GF Capital, e os recursos deverão ficar custodiados em uma instituição financeira nos Estados Unidos.
Segundo o CEO Renato Costa, US$ 30 bilhões já estão comprometidos em memorandos de entendimentos assinados em empreendimentos no Brasil, como na pretendida retomada da Avibrás - fabricante de equipamentos de defesa que está há três anos em recuperação judicial e apontou dívida superior a R$ 600 milhões na ocasião.
Ele também menciona dois portos e a construção de uma ferrovia no Rio Grande do Sul, ligando Arroio do Sal a Terra Roxa (PR). O projeto chegou a ser discutido pelo governo gaúcho com a União em 2022, mas hoje não faz parte da lista de obras do PAC.
Na área ambiental, o intuito é investir na recuperação de terras degradadas, como o próprio investidor de Abu Dabhi prometeu a Lula no encontro em Brasília, e também na Amazônia.
O fundo será lançado em evento neste sábado em Miami, onde Garnero e Costa pretendem atrair interessados nos EUA em aportar recursos no Brasil. Um escritório será montado em Nova York e, segundo Costa, mais de uma dezena de pessoas foram recrutadas.
Quando esteve no Brasil, Zayed Bin Aweidha também prometeu investimentos aos governadores Cláudio Castro, do Rio, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo.
Um dos que estão atuando informalmente como assessor do fundo é o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, que comandou a instituição nos governos Lula e Dilma Rousseff.
Apesar da aproximação, Costa afirma que o fundo é “apolítico”. “Somos uma instituição financeira que está viabilizando recursos prometidos ao Brasil com projetos brasileiros, independente de quem seja o ministro ou o presidente da República”, disse.