Antes de chegar às prateleiras dos supermercados, cada chocolate M&M, Twix, Snickers e a linha de cuidados com pets da multinacional americana Mars passam por uma verdadeira linha de montagem de testes e controles de qualidade. Num espaço de 2 mil metros quadrados, levantados na cidade de Mogi Mirim, no interior de São Paulo, a empresa construiu um laboratório de análises químicas e microbiológicas, que antes eram feitas no exterior e em centros parceiros do grupo.
O empreendimento no Brasil faz parte de uma estratégia global da Mars que prevê investimentos de US$ 40 milhões (mais de R$ 200 milhões) para criar uma rede de centros de excelência, laboratórios regionais, laboratórios de fábrica e laboratórios parceiros externos. No País, a unidade custou R$ 50 milhões e vai evitar que testes sejam enviados para o exterior, economizando tempo e melhorando a eficiência do processo.
Essas análises – feitas em equipamentos de última geração – envolvem testes para saber se uma matéria-prima está contaminada (bactérias, fungos, leveduras e até protozoários) ou se o produto fabricado está dentro das especificações determinadas. Isso ganha ainda mais relevância quando se trata de comida para animais.
“As pessoas podem ter uma alimentação ruim no almoço e compensar no jantar. Mas, para os animais, não há esse balanceamento. Uma quantidade menor de um ingrediente pode comprometer a saúde do gato ou cachorro”, diz a gerente do laboratório, Christiane Azevedo, há 20 anos no grupo. Conhecida pelas marcas de chocolates, a Mars também é dona das linhas de petcare Pedigree, Whiskas e Royal Canin.
Pandemia adiou projeto
Com a inauguração da unidade brasileira, a empresa passa a ter sete laboratórios regionais espalhados pelo mundo e 230 laboratórios externos. O projeto é resultado de quase quatro anos de discussões, análises e estudos. Com a pandemia, a obra, que deveria ficar pronta em março do ano passado, teve de esperar e só foi concluída quase um ano depois.
“Antes os testes mais complexos (como o que detecta metais pesados nos produtos) eram feitos na Europa e podia levar de 60 a 90 dias para termos o resultado. Agora podemos fazer em no máximo uma semana. Em alguns casos, fazemos em um dia no novo laboratório”, diz Christiane.
Ela explica que os testes envolvem a qualidade da matéria-prima usada na fabricação dos produtos da Mars. “Os produtos para pets são feitos a base de cereais (milho), que são mais suscetíveis a microrganismos.”
No controle de riscos, a empresa faz um mapeamento de clima de todas as regiões produtoras agrícolas para reduzir o risco de compra de matéria-prima com problemas. Se num local chove muito, o risco de o produto ter problema aumenta. Isso implica fazer mais testes nos carregamentos que chegam nas fábricas. “Por isso, em alguns casos evitamos comprar de uma determinada região para não termos transtornos.”
Na avaliação da presidente da Gouvêa Food Service, Cristina Souza, investir em segurança do alimento é crucial para qualquer indústria desse setor especialmente nesse contexto pós-covid em que as pessoas estão mais interessadas em conhecer os processos e com olhar atento sobre a qualidade dos produtos. Apesar da importância, diz ela, o consumidor não conhece todo esse bastidor por trás dos produtos. “Só vão conhecer se tiver algum problema ou contaminação.”
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