O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu a possibilidade de adotar novas medidas para enfrentar o problema dos elevados spreads bancários (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos) no Brasil. Segundo ele, há um movimento gradual de queda no custo do dinheiro para o consumidor final. Meirelles lembrou que o governo já agiu. "Tomamos medidas, como o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e o leilão de dólares sem direcionamento, e estamos aguardando o efeito disso. Caso seja necessário, podemos tomar novas medidas", disse. O FGC busca melhorar a oferta de crédito pelos bancos pequenos e médios e os leilões de dólares retiram a pressão das grandes empresas sobre o mercado interno de crédito O presidente do BC engrossou o coro do governo de que o pequeno poupador será protegido, dentro do processo de mudança na remuneração da caderneta de poupança. "A ideia é manter a poupança como grande canal de investimento e de preservação do patrimônio da população brasileira e, principalmente, dos pequenos investidores", afirmou o presidente do BC, que recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito de Brasília, na festa de comemoração do aniversário da capital federal. A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, que participou do mesmo evento, foi na mesma direção: "Qualquer decisão que o governo for tomar em relação à poupança será uma decisão prudente, resguardando o pequeno investidor. A poupança é um patrimônio do Brasil, dos brasileiros, nós detemos cerca de 35% desse mercado. Então, o cidadão sabe que toda decisão que for tomada será de muita prudência, discussão, debate e conversa". Segundo ela, não há nenhuma movimentação atípica na captação de poupança na Caixa. Segundo Meirelles, o governo continua estudando as alternativas para mexer na rentabilidade da poupança e negou que esteja descartada a possibilidade de atrelar a rentabilidade à taxa Selic. "Não há decisão." A discussão se deve ao fato de os juros estarem caindo e aproximando a rentabilidade da poupança, que é garantida por lei, das demais aplicações. Isso pode gerar uma fuga dos fundos de investimentos e afetar o processo de rolagem da dívida pública. Ao ser questionado se sua declaração ao jornal Folha de S. Paulo de que é prematuro dizer se o Brasil pode conviver com a Selic em um dígito tinha implicações para a política monetária no curto prazo, Meirelles respondeu: "Não".
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